Os presidentes de Mauritânia e Guiné obtiveram nesta sexta-feira, em Banjul, um princípio de acordo para que o presidente em final de mandato da Gâmbia, Yahya Jammeh, deixe o país, mas permanecem as discussões sobre as condições de sua partida, informaram fontes mauritanas à AFP.
"As coisas estão quase solucionadas. Jammeh aceitou deixar o poder. As negociações prosseguem sobre o local do exílio e suas condições", informou uma fonte mauritana.
O presidente da Guiné, Alpha Condé, ficará esta noite em Banjul, revelou uma fonte guineana.
"Devemos encontrar um país suficientemente longe da Gâmbia para impedir que Yahya Jammeh interfira no processo democrático", explicou a fonte. "Mas é preciso ser prudente até amanhã".
Segundo uma fonte diplomática ligada às discussões, o acordo final será firmado pelo novo presidente da Gâmbia, Adama Barrow, que atualmente se encontra no vizinho Senegal, e pelo próprio Jammeh.
"Será uma declaração comum entre Barrow e Jammeh", disse a fonte, destacando que as tropas da África do Oeste, mobilizadas para forçar a saída de Jammeh, permanecerão até sua partida.
As tropas de cinco dos 15 países da CEDEAO chegaram na quinta-feira ao território da Gâmbia, no âmbito da operação "Restaurar a democracia".
Adama Barrow, de 51 anos, eleito presidente no dia 1º de dezembro, foi empossado na tarde de quinta-feira na embaixada de seu país em Dacar.
Os presidentes de Mauritânia e Guiné "são contrários a uma intervenção militar na Gâmbia que, para eles, constituiria um precedente perigoso" na região, disse à AFP uma fonte diplomática mauritana.
"É a última oportunidade para Jammeh", comentou À AFP um diplomata em Banjul.
Segundo os jornalistas, a noite foi tranquila na capital da Gâmbia que, depois da posse de Adama Barrow, registrou na tarde de quinta-feira manifestações de celebração que não foram reprimidas pelos militares.
A escalada da tensão levou milhares de gambianos, residentes estrangeiros e turistas a abandonar o país.
Mais de 45.000 pessoas fugiram da Gâmbia desde o início de janeiro, em sua maioria ao Senegal, informou nesta sexta-feira a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR), que teme fluxos migratórios maiores se a crise no país persistir.
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