O ex-presidente gambiano Yahya Jammeh, que aceitou ceder o poder a seu sucessor Adama Barrow após seis semanas de crise política, deixou Banjul neste sábado à noite à bordo de um avião privado, constatou a AFP.
A aeronave, um Falcon, decolou pouco antes das 21H20 (horário local e GMT) levando a bordo a Jammeh, de 51 anos e há 22 anos no poder na Gâmbia, e o presidente da Guiné Alpha Condé, que segundo fontes oficiais de seu país, o receberá ao menos temporariamente em Conakry.
Jammeh foi saudado em sua partida por dignatários e por uma orquestra militar.
O ex-mandatário se despediu do grupo de partidários que se reuniu na pista do aeroporto.
O anúncio de sua saída efetiva, muito aguardada por muitos em Banjul, foi seguido por manifestações de alegria nas ruas de Grand Banjul, localizado no subúrbio da cidade, segundo um correspondente da AFP.
"Estamos livres agora! Não estamos mais presos", disse Fatou Cham, de 28 anos.
"Agora ele foi embora", disse Modou Lamin Dumbuya, de 25 anos. "Os gambianos exilados podem voltar!".
"O bom é que agora Jammeh saberá o que é estar refugiado no exterior", acrescentou.
A Gâmbia esperou ao longo deste sábado que Jammeh aceitasse ceder o poder a seu sucessor sob a ameaça de uma operação militar e deixasse o país.
"Decidi hoje, com a consciência tranquila, ceder o comando desta grande nação com uma infinita gratidão a todos os gambianos", afirmou Jammeh em uma declaração transmitida pela televisão estatal na noite de sexta-feira.
O país estava afundado em uma profunda crise depois que Jammeh anunciou no dia 9 de dezembro que não cederia o poder a Adama Barrow.
Barrow, de 51 anos, que venceu as eleições no dia 1º de dezembro, precisou finalmente jurar o cargo na quinta-feira à tarde na embaixada de seu país em Dacar.
Após múltiplas tentativas de persuadir Jammeh, os presidentes da Guiné, Alpha Condé, e da Mauritânia, Mohamed Uld Abdel Aziz, viajaram na sexta-feira a Banjul para uma última mediação.
"Minha decisão de hoje não foi decidida por nada mais que o interesse supremo por vocês, o povo da Gâmbia, e por nosso querido país", disse Jammeh.
Vários países da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) enviaram tropas à Gâmbia para pressionar Jammeh após o juramento de Barrow.
A operação, batizada de "Restaurar a Democracia", foi lançada pouco depois de Adama Barrow assumir a presidência.
- Exílio com todas as garantias -
O acordo concluído "prevê a saída de Yahya Jammeh da Gâmbia a um país africano com todas as garantias para sua família, seus parentes e para ele mesmo. Pode voltar ao seu país quando quiser...", declarou ao voltar a Nouakchott Mohamed Uld Abdel Aziz, citado pela agência mauritana de informação (AMI, oficial).
"Trata-se de uma vitória dos que militam a favor de uma solução pacífica sobre aqueles que defendem a violência e a guerra, considerando que assim podem encontrar uma solução", afirmou.
Outras fontes disseram que foi oferecido exílio por parte de Guiné, Marrocos, Mauritânia e Guiné Equatorial.
* AFP