Os gambianos aguardavam neste sábado que o ex-presidente Yahya Jammeh deixe o país, depois de finalmente aceitar ceder o poder ao seu sucessor sob a ameaça de uma operação militar.
Em Banjul, após uma noite de calma, muitos souberam da notícia ao acordar. Alguns se mostravam prudentes, conscientes de que Jammeh costuma mudar de opinião.
Outros, por sua vez, se diziam impacientes para vê-lo deixar o país, de dois milhões de habitantes, que dirigiu com mão de ferro por mais de 22 anos.
"Deus ouviu nossas preces. Esperamos por isso há muito tempo", declarou Sheikh Sham, de 34 anos.
"Decidi hoje, com a consciência tranquila, ceder o comando desta grande nação com uma infinita gratidão a todos os gambianos", afirmou Jammeh em uma declaração transmitida pela televisão estatal na noite de sexta-feira.
O país estava afundado em uma profunda crise depois que Jammeh anunciou no dia 9 de dezembro que não cederia o poder a Adama Barrow.
Barrow, de 51 anos, que venceu as eleições no dia 1º de dezembro, precisou finalmente jurar o cargo na quinta-feira à tarde na embaixada de seu país em Dacar.
Após múltiplas tentativas de persuadir Jammeh, os presidentes da Guiné, Alpha Condé, e da Mauritânia, Mohamed Uld Abdel Aziz, viajaram na sexta-feira a Banjul para uma última mediação.
"Minha decisão de hoje não foi decidida por nada mais que o interesse supremo por vocês, o povo da Gâmbia, e por nosso querido país", disse Jammeh.
Vários países da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) enviaram tropas à Gâmbia para pressionar Jammeh após o juramento de Barrow.
A operação, batizada de "Restaurar a Democracia", foi lançada pouco depois de Adama Barrow assumir a presidência.
- Exílio com todas as garantias -
O acordo concluído "prevê a saída de Yahya Jammeh da Gâmbia a um país africano com todas as garantias para sua família, seus parentes e para ele mesmo. Pode voltar ao seu país quando quiser...", declarou ao voltar a Nouakchott Mohamed Uld Abdel Aziz, citado pela agência mauritana de informação (AMI, oficial).
"Trata-se de uma vitória dos que militam a favor de uma solução pacífica sobre aqueles que defendem a violência e a guerra, considerando que assim podem encontrar uma solução", afirmou.
Os termos do acordo ainda não eram conhecidos neste sábado e não estava claro se foi fixado o local do exílio do ex-presidente.
Na manhã deste sábado, uma fonte diplomática mauritana próxima ao caso afirmou que Jammeh abandonará a Gâmbia durante o dia. "Irá provavelmente para a Guiné Equatorial", enquanto Adama Barrow deve voltar ao país na noite deste sábado, disse.
Na sexta-feira à noite, no entanto, outras fontes afirmaram que Jammeh se mudará para Conakry durante o dia.
Outras fontes disseram que foi oferecido exílio por parte de Guiné, Marrocos, Mauritânia e Guiné Equatorial.
* AFP