Dois líbios armados com granadas e uma pistola sequestraram e desviaram, nesta sexta-feira, um avião líbio para Malta, onde se renderam após libertarem os 116 passageiros e tripulantes da aeronave.
"Os últimos membros da tripulação deixaram o avião com os sequestradores" anunciou pouco após às 15h30min (12h30min de Brasília) o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, que informou no Twitter toda a operação.
"Os sequestradores se renderam, foram revistados e colocados em detenção", escreveu Muscat.
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De acordo com o ministro das Relações Exteriores do Governo líbio de Unidade Nacional (GNA), Taher Siala, os dois homens são partidários do antigo regime de Muammar Kaddafi e pedem asilo político na ilha Mediterrânea. Eles também querem anunciar a criação de um partido político pró-Kaddafi. Segundo imagens da televisão, um dos dois sequestradores saiu do avião com a bandeira verde da Líbia de Kaddafi.
O avião, um Airbus A320 da companhia Afriqiyah Airwaysque, realizava um voo doméstico. Ele havia decolado do aeroporto de Sabha e deveria pousar em Trípoli, capital da Líbia, mas desviou para Malta, pequena ilha Mediterrânea localizada 350 quilômetros ao norte de Trípoli.
As negociações, conduzidas pelo chefe do Exército maltês, permitiram a libertação gradual dos passageiros. Um primeiro grupo de 25 mulheres e um bebê foram libertados pouco antes das 14h (11h de Brasília), seguido por outros grupos. Segundo Muscat, havia 28 mulheres, um bebê e 82 homens, além de sete membros da tripulação.
Libertação tranquila
De acordo com um correspondente da AFP no local, os passageiros desceram muito calmamente do avião, sem correr ou gritar. O aeroporto, que chegou a ser fechado, começou a retomar o tráfego e vários voos conseguiram pousar. Na pista do aeroporto internacional Luqa de Malta, a aeronave foi rapidamente isolada. Veículos militares se posicionaram rapidamente e o avião foi cercado por soldados.
O aeroporto permaneceu fechado por várias horas. Alguns voos, principalmente provenientes de Londres, Bruxelas e Paris, estavam previstos para esta sexta-feira.
A Líbia está mergulhada no caos desde a queda do ditador Muammar Kaddafi em 2011 e várias milícias disputam o controle do território, apesar da instalação de um governo de unidade nacional (GNA), apoiado pela comunidade internacional.
O chefe deste governo, Fayez al-Sarraj, anunciou oficialmente no último sábado a libertação de Sirte, um reduto do grupo extremista Estado Islâmico (EI). O EI havia tomado a cidade natal de Muammar Kaddafi em junho de 2015 e desde então defendia sua fortaleza ferozmente, usando táticas de guerrilha urbana, escudos humanos e minas terrestres.
A perda de Sirte foi um grande revés para o EI, mas ainda há extremistas na Líbia, como evidenciado por um ataque suicida em Benghazi no domingo passado, e talvez esse sequestro em Malta.
O GNA espera sair fortalecido da batalha de Sirte, quando ainda luta para estabelecer a sua autoridade em um país devastado por conflitos.
*AFP