Donald Trump foi obrigado a se desculpar depois da divulgação de um vídeo de 2005 no qual o republicano descreve em termos vulgares e degradantes suas técnicas de sedução (veja o vídeo, divulgado pelo jornal The New York Times, acima). "Quando você é famoso, elas deixam você fazer. Você pode fazer qualquer coisa", afirma Trump a ao apresentador de televisão Billy Bush (sobrinho de George W. Bush, ex-presidente americano) durante uma conversa gravada sem seu conhecimento em um carro e à qual o jornal The Washington Post teve acesso.
Na época, Trump era apenas um executivo e astro da televisão que acabava de se casar com sua terceira esposa, Melania Knauss. A autenticidade do vídeo, no qual os dois homens não aparecem, mas suas vozes são ouvidas, não foi questionada por Trump. O candidato teve de fazer um mea culpa pouco antes do debate contra Hillary Clinton, marcado para este domingo.
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Ele tomou a incomum atitude de pedir desculpas públicas: "Isso foi uma brincadeira de vestiário, uma conversa privada que aconteceu muitos anos atrás", afirmou, em nota enviada à imprensa. "Peço desculpas a todos aqueles que possam ter se sentido ofendidos", disse Trump.
No vídeo, o magnata conta ao apresentador de televisão sua primeira tentativa frustrada de seduzir uma mulher, cujo nome não foi divulgado. "Eu parti para cima dela e falhei. Admito para você", contou Trump. "Uau", diz uma outra voz. "Eu parti para cima dela como uma cachorra, mas não consegui comer. E ela era casada", continua.
A conversa continua até que os dois homens veem uma atriz que os espera do lado de fora do veículo, Arianne Zucker. "Tenho que comer um Tic Tac, no caso de eu começar a beijá-la", afirma Trump. "Você sabe, eu sou automaticamente atraído pelas mulheres bonitas, eu simplesmente começo a beijá-las", completa.
Nas primeiras horas deste sábado, o candidato republicano reiterou suas desculpas através de um vídeo: "Eu disse, errei, e peço perdão", disse Trump em sua mensagem. "Nunca falei que era uma pessoa perfeita, nem pretendo ser outra pessoa que não eu mesmo", destacou o candidato republicano à presidência. "Comprometo-me a ser um homem melhor amanhã, e não decepcioná-los jamais", disse Trump, que classificou este escândalo como uma "distração" eleitoral.
Mas, imediatamente, o magnata lançou um ataque indireto contra sua rival democrata, Hillary Clinton, acusando seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, de maltratar as mulheres. "Eu disse coisas idiotas, mas existe uma grande diferença entre as palavras e os atos de outras pessoas. Bill Clinton realmente maltratou as mulheres, e Hillary perseguiu, atacou, humilhou e intimidou suas vítimas", disse. "Falaremos disso nos próximos dias", advertiu Trump.
A publicação do vídeo chega oportunamente para a campanha democrata, que contratou um especialista para divulgar uma compilação de declarações antigas e recentes de Trump falando sobre as mulheres. "Isso é terrível. Não podemos permitir que esse homem seja presidente", disse sua rival democrata, Hillary Clinton, em sua conta no Twitter.
Mas a divulgação deste vídeo também impactou as fileiras republicanas. "Estou doente pelo que ouvi hoje", expressou em um comunicado o chefe da bancada republicana no Congresso, Paul Ryan. "As mulheres devem ser defendidas e reverenciadas, e não tratadas como objetos. Espero que Trump encare esta situação com a seriedade que ela merece e trabalhe para demonstrar ao país que ele tem o maior respeito pelas mulheres", acrescentou.
A quatro semanas das eleições e a menos 48 horas do segundo debate presidencial, Trump precisa ampliar sua popularidade entre os eleitores moderados, as minorias e as mulheres.
As revelações de sexta-feira se somam a uma longa série de histórias e testemunhos sobre o comportamento machista de Trump antes de se tornar político.