Os paquistaneses foram às urnas no sábado para participar de eleições legislativas, desafiando as ameaças de atentados dos talibãs que já atingiram a cidade de Karachi (sul), matando 11 pessoas. Mais de 86 milhões de pessoas devem comparecer às urnas para escolher os 342 deputados da Assembleia Nacional entre 4.670 candidatos, além de seus representantes nas quatro assembleias provinciais entre 11 mil aspirantes.
Estas eleições são históricas, já que permitirão que um governo civil passe o poder a outro depois de ter chegado ao fim de um mandato de cinco anos, uma novidade neste país criado em 1947 e com uma história marcada por golpes de Estado.
Ao meio-dia local, a participação nas eleições era de cerca de 30%, indicou a Comissão Eleitoral, que espera que a taxa alcance 60% no fechamento das urnas.
- A participação é muito animadora. Estimamos que atualmente é de 30% e esperamos uma taxa final de cerca de 60% - disse Jurshid Alam, um funcionário de alto escalão da Comissão Eleitoral. O índice de participação, que nas últimas eleições gerais de 2008 foi de 44%, será uma das chaves do resultado.
Na manhã de sábado, o maior número de eleitores foi registrado na capital, Islamabad, e em outras grandes cidades como Karachi, Lahore (leste) e Peshawar (noroeste). No entanto, ela parecia mais limitada na província do Baluchistão, atingida com frequência pela violência.
Os paquistaneses começaram a votar às 8h (meia-noite de Brasília) nos aproximadamente 70 mil colégios eleitorais, que fecharão suas portas às 17h (9h de Brasília). No entanto, foram registrados alguns atrasos, especialmente em Karachi, e a Comissão Eleitoral anunciou que os Colégios afetados permanecerão abertos um pouco mais.
Mais de 86 milhões de pessoas estão habilitadas a votar para escolher 342 deputados e representantes em quatro assembleias provinciais do Paquistão.
Os primeiros resultados podem ser divulgados ainda no início da noite. O partido que obtiver a vitória nas eleições estará encarregado de formar um governo, recorrendo a uma coalizão majoritária, se for necessário.
Atentados marcam as primeiras horas
Duas horas após o início da votação, uma bomba explodiu em Karachi. O artefato estava dirigido contra o carro de um candidato do Partido Nacional Awami (ANP, laico), um dos alvos preferidos do Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), que reivindicaram o ataque. Ao menos 11 pessoas morreram e 36 ficaram feridas, de acordo com fontes de saúde.
Pouco depois, em Peshawar (noroeste), outra bomba colocada diante de um Colégio Eleitoral reservado às mulheres feriu oito pessoas, segundo os médicos.
E uma terceira bomba, de potência média, explodiu em Mardan, perto de Peshawar, ferindo outras quatro pessoas.
Ao menos 127 pessoas morreram durante a campanha eleitoral no Paquistão, considerada pelos observadores a mais mortífera da história do país.
O TTP, oposto a estas eleições por considerá-las "não islâmicas", reivindicou muitos destes ataques, que ocorreram em sua maioria no noroeste e em Karachi, onde o grupo está muito implantado.