Tempestades de situação ou furacões de oposição só existem na imaginação de escritores pouco inspirados. Na vida real, é impossível medir de antemão o impacto de fenômenos climáticos sobre a política. Um desastre natural como o ex-furacão Sandy não está fadado, por si só, a prejudicar ou beneficiar Barack Obama ou Mitt Romney. No terreno eleitoral, tudo depende da capacidade dos candidatos de encontrar uma resposta política adequada a uma situação de crise e torná-la compreensível para os eleitores.
Em pelo menos um aspecto a tempestade foi prejudicial a Obama: provocou o cancelamento da votação antecipada na maior parte da Costa Leste. Nos Estados Unidos, não existe a obrigatoriedade do voto, e aqueles que quiseram puderam exercer seu direito de escolha desde setembro na maioria dos Estados. O voto por antecipação é tão importante para os democratas que o próprio Obama depositou o seu no dia 25 de outubro, em Chicago. Com a interrupção do abastecimento de energia em partes da área atingida por Sandy, há risco de que urnas eletrônicas não funcionem na próxima terça-feira.
Fora isso, Obama foi de longe o candidato que melhor manejou o desafio colocado pela tempestade. O presidente se refreou e evitou participar pessoalmente de atividades de campanha nos momentos mais críticos, enquanto, no restante do país, os democratas mantiveram o ritmo. De quebra, obamistas souberam pinçar frases de Romney sobre o "governo onipresente" e sobre o corte de verba para uma agência de gerenciamento de situações de emergência. Como presidente, Obama pode se dar por satisfeito se não perder. Mas, se o presidente, que é governo, não perdeu, isso não quer dizer que Romney, de oposição, tenha sido prejudicado. É provável que o saldo do furacão tenha sido mais um empate.