O senador Jorge Seif (PL-SC) apagou das redes sociais uma publicação em que defendia os policiais envolvidos na ação em que um homem foi arremessado de uma ponte em um córrego na região da Cidade Ademar, zona sul de São Paulo. Antes disso, no X (antigo Twitter), ele havia declarado que os "policiais só erraram por não terem jogado o jovem de um penhasco". As informações são do jornal O Globo.
"Imprensa nacional demonizando a PM de SP. O erro dos policiais foi ter jogado o meliante em um córrego. Deveriam ter jogado do penhasco. Porque com essa justiça sem vergonha que libera vagabundo em audiência de custódia, levar pra delegacia e ser satirizado por criminoso é o fim do mundo. Tomar um banho no córrego é prêmio", escreveu o senador.
Além disso, o político manifestou apoio ao secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.
Um vídeo, gravado por testemunhas na madrugada de segunda-feira (2), mostra três policiais militares em uma ponte. Após uma abordagem, um dos PMs encosta uma moto na mureta, enquanto outro segura pelas costas um homem vestindo camiseta azul. Em seguida, o policial levanta o rapaz pelas pernas e o joga no córrego.
Repercussão
De acordo com o Jornal Nacional, a vítima é Marcelo, um entregador que feriu o rosto na queda. Ele foi socorrido por moradores de rua que estavam embaixo da ponte e levado ao hospital.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afastou 13 policiais militares envolvidos na ação, realizada durante a dispersão de um baile funk nas proximidades.
O policial militar apontado como o responsável por jogar a vítima da ponte foi preso nesta quinta-feira (5). Luan Felipe Alves teve a prisão decretada pela Justiça Militar após a Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo entrar com o pedido na quarta (4).
O que dizem as autoridades
Na manhã de terça-feira (3), o governador Tarcísio de Freitas declarou que “aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa de uma ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda”.
O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, divulgou um vídeo condenando o ocorrido.
— A ação na ponte não encontra respaldo nos procedimentos operacionais. Ações isoladas não podem denegrir a imagem da PM — disse.
As imagens do policial jogando o homem da ponte foram classificadas como “estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis” pelo procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, que determinou que o Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) do Ministério Público acompanhe o caso.
— Pelo registro, fica evidente que o suspeito já estava dominado — afirmou Oliveira.
Dados do Gaesp revelam que, de 1º de janeiro a 29 de novembro, São Paulo registrou 697 mortes decorrentes de intervenções de PMs, um aumento de 51% em relação às 460 mortes contabilizadas em todo o ano anterior. Dessas, 595 foram cometidas por policiais em serviço e 102 por agentes de folga. Considerando as mortes causadas por policiais civis, o estado soma 768 casos, uma alta de 66% nos primeiros dez meses de 2023 e de 42% em relação a todo o ano passado.