Após um ano e quatro meses, a ponte pênsil entre Torres, no Litoral Norte, e Passo de Torres, em Santa Catarina, foi liberada. A travessia foi aberta para pedestres por volta das 9h30min desta sexta-feira (21).
A obra de reconstrução custou cerca de R$ 700 mil e foi toda feita por Passo de Torres. A prefeitura esperava reabrir a ponte até o fim da tarde para inaugurar também a nova iluminação, nesta noite. Porém, devido ao mau tempo, foi liberada sem os últimos ajustes no sistema de luzes, o que será feito nos próximos dias e deve interromper o fluxo novamente.
Além da iluminação, a estrutura recebeu novos cabos de aço, tábuas de madeira, proteção metálica e acessos de concreto. A ponte foi reconstruída mais elevada para facilitar a travessia de embarcações. Dependendo da maré, essa diferença pode ser de até dois metros a mais do que a antiga.
A capacidade também foi alterada: antes 20, agora a lotação será de 10 pessoas por vez. Placas foram instaladas nas entradas de ambos os lados com orientações.
Não haverá fiscalização de seguranças ou policiais. Já em grandes eventos, como no Carnaval, a travessia será fechada preventivamente.
O prefeito de Passo de Torres, Valmir Rodrigues, espera assinar um acordo de manutenção com o município de Torres nos próximos meses. A ideia é contratar uma equipe de engenharia que fique responsável pelo serviço e que seja pago pelas duas administrações.
O ponto estava interditado desde 20 fevereiro de 2023, quando os cabos de sustentação se romperam, deixando dezenas de pessoas feridas e causando a morte do jovem Brian Grandi, 20 anos. Após dois inquéritos na Polícia Civil de ambos os Estados, ninguém foi responsabilizado.
Impacto no turismo e na economia
A interdição da ponte no último ano refletiu no turismo e, por consequência, na economia local.
— A reabertura da ponte é a retomada da economia, do turismo, é fundamental para o comércio local. É um patrimônio para nós — ressalta o prefeito de Passo de Torres.
Conforme o secretário de Turismo, Régis Decking, os comerciantes relatam perdas de até 40% do faturamento.
Paulo Cardoso, 52 anos, é dono de uma loja há 26 anos, em frente à descida da ponte. Ele relata que, na temporada de verão, teve cerca de R$ 110 mil de prejuízo na comparação com a média de anos anteriores.
— O pessoal de lá comprava muito do lado de cá. Teve uma queda grande no movimento de gaúchos por aqui. Agora, a expectativa é de, nos próximos meses, já aumentar em 10% as vendas. Com a ponte bonita assim, vai chamar a atenção — relata o empresário.
Durante o tempo que a ponte pênsil ficou interditada, a única travessia urbana entre os dois municípios foi a ponte de concreto, onde passam carros. No entanto, comerciantes afirmam que nem todo mundo seguiu fazendo o deslocamento entre as cidades.
— Diminui bastante a quantidade de turistas, principalmente o pessoal que atravessava dos dois lados a pé por não saber dirigir ou não ter carro, e até os mais idosos. Esse movimento diminuiu até 50% no último verão e isso afetou a economia — avalia Sâmara Lippert, 26 anos, funcionária de uma peixaria nas proximidades da ponte.