Esticado no colchão que trouxe de casa, com as mãos apoiando a cabeça, o motorista aposentado Silvio Pereira Lima, 64 anos, opina:
— É a natureza que está nos cobrando. A culpa de tudo isso que estamos vendo é do próprio homem.
Ele é uma das 133 pessoas, de 48 famílias, abrigadas nesta quarta-feira (1º) no salão da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, localizada no bairro Conceição, em São Sebastião do Caí. Atingido pela enchente do Rio Caí, o município e decretou situação de emergência.
No salão paroquial, as pessoas tentam passar o tempo. Não há sinal de telefone nem de internet. Algumas famílias esticaram lençóis como se fossem cortinas para terem mais privacidade. Enquanto uns conversam, outros circulam e muitos descansam. Há idosos, jovens e crianças de colo.
— Moro no centro da cidade. Perdi tudo dentro de casa — diz Silvio, estimando que a água tenha batido em 1m80cm dentro da residência dele.
Nesta quarta, a chuva deu pouca trégua ao município. Os rios Caí e Cadeia saíram do leito e inundaram vários bairros, inclusive a pista da RS-122, na altura do km 11.
Na medição das 10h30min, o Rio Caí marcou 16m39cm, o que significa 26cm mais baixo em relação à medição anterior. Mas muitos pontos seguem inundados.
O coordenador da Defesa Civil de São Sebastião do Caí, Enio dos Santos, acredita que o trecho da RS-122 deva ser bloqueado nas próximas horas.
— Vai chegar um momento em que será bloqueado, por uma questão de risco — afirma.
A prefeitura do município informou em suas redes sociais que os pedidos de resgate com barco devem ser feitos diretamente para os Bombeiros Voluntários, pelos telefones 193, ou 3635-1949 e 3635-0044.