A preocupação com o aumento do nível da Lagoa dos Patos está levando os municípios da região Sul a organizarem ações com antecedência, para evitar que problemas verificados em outras partes do Estado se repitam no local. Mais de cem famílias já deixaram suas residências de forma preventiva em Pelotas. Os municípios de São Lourenço e Rio Grande também têm desalojados e desabrigados em áreas próximas à lagoa.
No final da tarde deste domingo (5), a Lagoa dos Patos marcava 1,70m acima do nível normal na régua do Trapiche na Praia do Laranjal. O índice subiu meio metro em relação a medição da manhã. A leitura no Canal São Gonçalo chegou aos 2,02 metros. Embora tenha ultrapassado sua cota de alagamento, ainda não há registros de avanço nos locais próximos.
Os locais que correm risco de inundação em Pelotas neste primeiro momento são Cedrinho e Junquinho, na Colônia Z3; Pontal da Barra, no Laranjal; Doquinhas e proximidades da Ponte sobre o Canal São Gonçalo. As equipes estão monitorando as demais áreas e criando barreiras de contenção em locais considerados de risco. Três abrigos estão prontos para recepção dos moradores.
Em São Lourenço do Sul, a situação na região da lagoa está piorando com o nível da água subindo. Algumas ruas foram alcançadas. A prefeitura disponibilizou um carro de som, convocando os moradores a deixarem as residências próximas à água. Além disso, um asilo com cerca de 50 idosos foi interditado mais cedo devido ao risco de alagamento, e os idosos foram transferidos para um hospital da cidade. Como medida preventiva, três abrigos municipais estão sendo preparados para acomodar os desabrigados.
Em Rio Grande, a prefeitura está atuando de forma preventiva para remover as pessoas em áreas de risco na Ilha da Torotama, Ilha dos Marinheiros e Ilha do Leonídeo. Até o momento, já foram retiradas 56 pessoas de forma preventiva e voluntária. O ônibus para resgate é um veículo escolar e o coletivo está fazendo o mesmo trajeto da linha do transporte público das ilhas até a zona central do município.
Prognósticos para a região
Os municípios monitoram com atenção a previsão do tempo e de vento para o sul do Estado. Segundo o meteorologista da Rádio Gaúcha, Cléo Kuhn, o vento presente na região e que deve permanecer durante três a cinco dias é o leste-norte. Esse vento acaba sendo favorável para a vazão da água da Lagoa dos Patos em direção ao Oceano Atlântico.
— É uma ótima notícia para a região. Existe possibilidade de chuva nesta semana, mas a situação do vento está favorável para a região — explica o meteorologista.
O professor Fernando Fan, hidrólogo e professor do Instituto de Pesquisa Hidráulicas (IPH) da UFRGS, alerta que a gravidade das inundações no sul do Estado ainda não pode ser calculada, mas ressalta que a situação pode ser semelhante aos índices de setembro e novembro do ano passado.
— A água que já está alagando a região é sim já parte do Guaíba que está chegando a região. É a maior cheia já registrada da bacia do Guaíba, e vai tudo em direção a lagoa dos patos — explicou.
Em 2023, centenas de famílias precisaram sair de casa em regiões próximas à lagoa. As áreas mais atingidas foram o Pontal da Barra em Pelotas e as ilhas de Rio Grande. Nenhuma pessoa morreu ou ficou ferida na ocasião.