Cachorros ao lado de freezers desligados, entre caixas de pagamento e também em casinhas espalhadas. São as cenas encontradas no "antigo BIG", em São Leopoldo, um supermercado desativado que abriga mais de 600 animais que se perderam dos seus donos na enchente do Rio dos Sinos.
Muitos animais ficaram para trás quando a água subiu no Vale dos Sinos. Quando resgatados, faltava um lugar para abrigá-los. Desde o último domingo (12), os proprietários do espaço abriram as portas para centenas de cachorros e alguns gatos. A Secretaria de Proteção Animal de São Leopoldo (Sempa) atua na organização com a ajuda de voluntários.
— Precisamos bastante de voluntários para passearem e fazerem carinho nos cães. Temos uma equipe de limpeza própria. Chega bastante doação, então é preciso de ajuda para carregar pallets, ração — afirmou André Ellwanger, secretário da pasta.
Quando chegam ao supermercado, os pets passam por uma triagem de veterinários, são cadastrados e direcionados para uma casinha. O enorme ambiente tem espaço para ração, água, brinquedos e panos.
Lá, entre uivos e latidos ansiosos, eles aguardam pelos seus donos. Alguns já conseguiram se reencontrar, outros têm de ir para lares temporários. Tem casos, inclusive, de tutores que identificam os seus animais, mas que não conseguem levar de volta porque perderam a casa.
Família reencontra três cachorros

A felicidade da família formada pelos pais Cláudio e Cíntia e pela filha Alice foi a mesma dos cachorros Preta, Pretinha e Negão quando se reencontraram. Os animais estavam abrigados no supermercado desativado, em São Leopoldo.
— São que nem filhos. Quase morri afogado para tirar eles de lá. Deixei tudo, mas eles não iam ficar. São tudo, meus anjinhos — conta Cláudio, abraçado a um dos cachorros.
Com a casa localizada próxima à estação do Trensurb Rio do Sinos, a família teve de sair às pressas. Às 2h15 da manhã, foram acordados pelos gritos de “água, água, água”. Só deu tempo de subir os móveis e soltar os cães. Desde então, Cíntia passou a procurar os três. Agora, no entanto, Preta, Pretinha e Negão terão de ficar em lares temporários. Até a água baixar.