O Vale do Rio Pardo, atingido pela maior cheia da história, está com carência de combustíveis e enfrenta uma corrida aos postos. Grande parte das revendas não consegue mais gasolina e diesel porque as estradas estão alagadas ou bloqueadas. E os caminhões-tanque não conseguem passar.
A principal cidade do Vale do Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, está sem conexão com a Capital. As estradas rumo a Santa Maria e a Lajeado, outros dois grandes municípios, estão interrompidas por quedas de pontes. Existem ligações com municípios menores, mas todos sofrem com a cada vez maior carestia de combustível.
GZH percorreu os principais postos de Santa Cruz do Sul. A maioria tem poucos litros de combustível para revender. No centro, quase em frente à prefeitura, uma das maiores revendas é um posto da rede Nevoeiro. Está com bombas acorrentadas desde a madrugada desta segunda-feira (6), porque acabaram o diesel e a gasolina
— Vendemos em média 6 mil litros por dia, a maioria de gasolina. Até conseguimos combustível vindo de Rio Grande, mas o caminhão está parado em Rio Pardo, porque a estrada continua alagada. Não temos mais como vender — diz o gerente desse que é um dos postos com mais clientes na região, João Batista Borges da Silva.
Na estrada que liga Santa Cruz do Sul e Rio Pardo, a BR-471, fica outra revenda da rede Nevoeiro, o Posto do Giba. Ali acabou todo o diesel e só resta um pouco de gasolina, lamenta a gerente, Fabiana Taugen.
— A maior parte da clientela é de caminhoneiros. São 2 mil litros de gasolina vendidos por dia e 2,5 mil litros de diesel. Tem sido uma correria. Vendemos em dois dias, na semana passada, o que costumamos comercializar em nove dias. Só que está no fim o combustível, porque as pessoas se apavoraram — comenta ela.
Joao Carlos Dal'Aqua, presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Estado do Rio Grande do Sul (Sulpetro), pediu calma à população e diz que não devem correr aos postos.
Ele comentou que não existe fenômeno isolado e "estamos todos no mesmo barco, literalmente". Ou seja, várias comunidades ilhadas - e, com elas, postos isolados. Mas existe combustível nas bases de distribuição, como Canoas, Esteio. Algumas distribuidoras, como a Ipiranga, sofreram problemas de alagamento, mas não há falta de gasoina ou diesel.
O Rio Grande do Sul tem 3,2 mil revendas de combustível e a maioria está operando, diz o presidente do Sulpetro.
— O que faltam são rotas para distribuição desse produto e, evidentemente, é preciso que as águas baixem. Isso vale para todo o Rio Grande. É claro que alguns postos foram alagados e o processo de retomada será bem mais demorado, mas os tanques são lacrados e, depois de retirada a água, é só voltar a trabalhar. A população não precisa correr pras revendas, é um problema logístico, não de carência de produto — destacou Dal'Aqua.