- Nos abrigos de Porto Alegre, todas as crianças e adolescentes desacompanhadas de seu responsável estão sendo levadas ao Centro de Triagem Geraldo Santana, localizado na Rua Luiz de Camões, bairro Santo Antônio
- Eldorado do Sul não tem onde acolher menores de idade. Por isso, eles têm sido encaminhados para o mesmo centro da Capital
- Em Canoas, o Conselho Tutelar está fazendo plantão de 24 horas na sala 18 do prédio 55 da Ulbra. Informações e pedidos de localização de pessoas com menos de 18 anos devem ser feitos lá
Órgãos de proteção de crianças e adolescentes têm trabalhado para estabelecer fluxos claros sobre para onde vão as pessoas com menos de 18 anos resgatadas durante as enchentes no RS. Apesar de não divulgar quantos estão nessa situação, a Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul (DPE/RS) confirma que menores de idade estão sendo levados a centros de triagem.
Enquanto a maior preocupação segue sendo reintegrar famílias que acabaram se perdendo durante a inundação, cresce a apreensão das autoridades com o compartilhamento de pedidos de localização de pessoas com menos de 18 anos nas redes sociais, muitas vezes com a fotografia delas, o que pode trazer riscos. A situação motivou uma publicação no Instagram do DPE/RS nesta terça-feira (7).
A dirigente do Núcleo de Defesa da Criança e do Adolescente do órgão, Paula Simões, também pede que a população não divulgue informações sobre as quais não conhece a procedência, a fim de evitar que tempo seja despendido em situações que já se resolveram ou não eram realidade.
Em Canoas, na Região Metropolitana, uma lista muito difundida trazia nome, sobrenome e idade de crianças que estariam sem seus responsáveis legais na retaguarda pediátrica do Hospital da Ulbra, o que, segundo a defensora, era falso, uma vez que os menores de idade sequer eram levados para aquele local.
— O Conselho Tutelar de Canoas está fazendo um trabalho incansável, com plantão de 24 horas, no prédio 55, sala 18 da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil). Pedidos de localização de crianças devem ser feitos lá. A partir disso, o Conselho promove uma busca ativa em abrigos de Canoas e de municípios vizinhos — descreve Paula.
A orientação é que qualquer criança ou adolescente resgatado sem o responsável seja levado ao local, a fim de centralizar os registros. O número de menores de idade nessa situação muda diariamente e não está sendo divulgado.
Em Porto Alegre, um fluxo para registro de alojamentos temporários, seja de crianças ou adultos, foi estabelecido pelos órgãos oficiais. Quando há pessoas com menos de 18 anos desacompanhadas de seu responsável, é necessário levá-las ao Centro de Triagem Geraldo Santana, localizado na Rua Luiz de Camões, bairro Santo Antônio, após comunicar o Conselho Tutelar, o Ministério Público, o Tribunal de Justiça e a Defensoria Pública.
— A ideia é, assim como em Canoas, centralizar essas demandas. É importante, porque em Porto Alegre o trabalho de acolhimento tem sido descentralizado, com muitos abrigos se formando de uma maneira que acabamos não tendo tanto controle, o que é natural, pois a necessidade faz com que voluntários abram espaços cujo braço do poder público, às vezes, não chega — avalia Paula, acrescentando que o voluntariado tem feito um “trabalho impecável”.
Muito afetada pela enchente, Eldorado do Sul não tem onde acolher suas crianças e adolescentes. Por isso, eles têm sido encaminhados para Porto Alegre, e estão sujeito ao mesmo procedimento previsto na Capital.