Dados do Censo Demográfico 2022, divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), colocam dois municípios gaúchos entre as 20 cidades brasileiras com os piores índices de tratamento de esgoto. São eles: São Pedro das Missões e Santo Antônio do Planalto.
Em São Pedro das Missões, no noroeste gaúcho, 99,7% da população de 1,7 mil habitantes não têm sistema de tratamento de esgoto. A situação se repete em 99,49% das residências de Santo Antônio do Planalto, município de pouco mais de 2 mil habitantes a cerca de 50 quilômetros de Passo Fundo, na Região Norte.
Essas são as duas únicas cidades do RS presentes na lista das 20 com os piores índices do Brasil. As demais estão nos Estados de Piauí, Tocantins, Paraíba, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte (veja a lista completa abaixo).
No Rio Grande do Sul, o Censo aponta que 1,7 milhão vivem sem esgoto adequado. Por outro lado, o Estado tem um destaque positivo: Presidente Lucena, no Vale do Sinos, município que chegou a 100% da cobertura do recolhimento do lixo, esgotamento sanitário, acesso exclusivo a banheiros e canalização de água.
Os 20 municípios com os piores índices de tratamento de esgoto do Brasil
A porcentagem diz respeito à população que vive sem acesso a tratamento de esgoto adequado. Em alguns casos, esse índice chega a 100%, como é o caso da cidade de Júlio Borges, no Piauí — onde não existem residências em que o esgoto receba tratamento adequado.
Veja a relação completa:
- Júlio Borges (PI): 100%
- Juarina (TO): 99,99%
- Nova Santa Rita (PI): 99,85%
- Riachão do Poço (PB): 99,82%
- Milton Brandão (PI): 99,81%
- Caldeirão Grande do Piauí (PI): 99,79%
- Morro Cabeça no Tempo (PI): 99,79%
- Novo Oriente do Piauí (PI): 99,78%
- Pedro Laurentino (PI): 99,76%
- Jacobina do Piauí (PI): 99,75%
- Juazeiro do Piauí (PI): 99,71%
- São Pedro das Missões (RS): 99,7%
- Tamboril do Piauí (PI): 99,7%
- Campo Azul (MG): 99,69%
- Rio Grande do Piauí (PI): 99,67%
- Jurema (PI): 99,67%
- Mansidão (BA): 99,66%
- Marcolândia (PI): 99,65%
- Lagoa de Pedras (RN): 99,65%
- Santo Antônio do Planalto (RS): 99,63%
O que dizem os municípios
Em comum, São Pedro das Missões e Santo Antônio do Planalto argumentam que têm fossas sépticas individuais, conhecidas como fossas sépticas, as quais são divididas em quatro etapas, onde o esgoto recebe um tratamento primário, ou as chamadas fossas rudimentares, que nesses casos não recebem qualquer tipo de tratamento.
Em São Pedro das Missões, conforme a prefeitura, 70% das casas têm fossas sépticas, e o restante segue com o sistema rudimentar. Já em Santo Antônio do Planalto, 60% das residências funcionam com sistemas rudimentares e apenas 40% com fossas sépticas.
— O uso da fossa séptica é individual para cada residência, por isso não temos uma estação de tratamento de esgoto. As manutenções também são feitas de forma individualizada, onde a própria prefeitura fornece um caminhão que faz o esgotamento das fossas e depois o descarte em um local correto — diz Valesca dos Santos Treter, secretária adjunta de Administração, Planejamento e Finanças de São Pedro das Missões.
Como o esgoto da cidade funciona com os sistemas atuais e devido ao tamanho da população, a secretária afirma que não há projeto para a criação de estação de tratamento de esgoto no município do noroeste gaúcho.
— Somos um município pequeno e, por enquanto, esse sistema está funcionando. Por isso, nesse momento, não temos previsão de alterar esse modo de tratamento — enfatiza Valéria.
Em Santo Antônio do Planalto, a secretária de Administração, Fazenda e Planejamento, Márcia Worm, garante que não há esgoto a céu aberto e que todos os planos de saneamento estão em dia.
— Tivemos um problema nas informações enviadas, acredito que elas não foram processadas e não condizem com a realidade. Temos trabalhado muito em cima de organizar a cidade. O município está com seu saneamento básico em dia e já trabalha nas soluções para que município então saia desta lista que foi divulgada — pontuou.