O delegado Bruno Effori, encarregado do caso sobre os jovens que morreram em uma BMW em Santa Catarina, investiga se o primeiro chamado de socorro ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) não foi atendido. Conforme o g1 SC, uma testemunha ouvida pela Polícia Civil afirmou que uma das vítimas, Nicolas Kovaleski, 16 anos, encontrado morto junto com os outros três amigos ligou para o Samu pedindo ajuda horas antes de ficar desacordado no local. A ligação teria ocorrido na madrugada de segunda-feira (1º).
Conforme o depoimento, a vítima teria sido orientada a procurar um hospital. A Secretaria de Estado da Saúde (SES), responsável pelo serviço, negou que houve um pedido de ajuda na madrugada e destacou que a primeira solicitação ocorreu às 7h21min.
Bruno Effori informou que o Samu será oficiado para prestar esclarecimentos sobre a informação. Disse também que os celulares das vítimas serão periciados para "confirmar a situação e verificar se há a necessidade de progredir a investigação no sentido de uma certa omissão".
Até o momento, o Samu negou tal alegação:
— O Samu disse que isso não aconteceu, que levantou todas as ligações feitas naquele dia e que todos os chamados foram atendidos — contou o repórter da NSC TV, Felipe Sales em entrevista ao Timeline desta terça-feira (2).
Confira a nota do Samu:
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) comunica: referente à ocorrência envolvendo o pronto-atendimento de quatro jovens vítimas de paradas cardiorrespiratórias, no município de Balneário Camboriú, o SAMU esclarece que a Central de Regulação recebeu o primeiro chamado às 07h21, com envio da Unidade de Suporte Avançado (USA) às 7h26 e a chegada ao local às 7h29. Ao chegar, constatou-se que as quatro vítimas estavam dentro do veículo em Parada Cardiorrespiratória (PCR).
Seguindo os protocolos de atendimento, foram realizados procedimentos de Reanimação Cardiopulmonar (RCP), com o apoio de uma Unidade de Suporte Básico (USB), que chegou ao local da ocorrência às 07h35, e dos Bombeiros. Ressalta-se que as manobras de reanimação foram implementadas em Suporte Básico e Avançado de vida, porém sem sucesso. Infelizmente, às 8h17, foram declarados os óbitos no local. As causas das mortes estão sob responsabilidade do Instituto Geral de Perícia (IGP) e da Polícia Civil para as devidas investigações. O SAMU expressa condolências aos familiares das vítimas neste momento difícil.
Sobre o caso
Quatro jovens, identificados como Gustavo Pereira Silveira Elias (24 anos), Karla Aparecida dos Santos (19 anos), Nicolas Oliveira Kovaleski (16 anos) e Tiago de Lima Ribeiro (21 anos), morreram após serem encontrados inconscientes no veículo, uma BMW modelo 320I M Sport que passara por modificações visando amplificar o ruído. A principal linha de investigação aponta para a intoxicação por monóxido de carbono, resultante de uma falha mecânica no automóvel.
De acordo com o delegado Bruno Effori, familiares das vítimas confirmaram que o carro passou por um processo de "customização" (alteração das características originais) com o objetivo de gerar mais ruído. Uma das hipóteses investigadas é de que essa modificação esteja relacionada com o vazamento de monóxido de carbono para o interior do automóvel.
— O veículo, de acordo com os próprios familiares, passou por essa customização recentemente, algo para fazer mais barulho. Então, provavelmente, tem relação com isso — confirma Effori.
Em entrevista concedida para GZH, o delegado revelou ainda a possível sequência de eventos que teria resultado na morte dos quatro ocupantes.
O grupo estacionou o carro na rodoviária de Camboriú, após curtir o Réveillon à beira-mar, para aguardar pela namorada de um dos ocupantes, que vinha de Minas Gerais para encontrá-los. Durante cerca de três horas, permaneceram dentro do veículo com o motor e o ar-condicionado ligados.
— A perícia constatou uma perfuração (no cano) entre o painel e o motor, e verificou que o ar-condicionado não ficou circulando o ar interno, mas de fora para dentro. Então, provavelmente, foi jogando monóxido de carbono (vazado do escapamento) para dentro — afirma Effori.
Luto oficial
A prefeitura de Paracatu, no oeste de Minas Gerais, decretou luto oficial de um dia. De acordo com o portal O Tempo, os corpos já deixaram a cidade catarinense e devem chegar ao município mineiro até o fim desta terça-feira (2).
Quem eram os jovens
- Gustavo Pereira Silveira Elias, 24 anos
- Karla Aparecida dos Santos, 19 anos
- Tiago de Lima Ribeiro, 21 anos
- Nicolas Kovaleski, 16 anos
Os jovens eram de Paracatu e Patos de Minas, em Minas Gerais, mas moravam em Florianópolis há cerca de um mês. A prefeitura de Paracatu declarou luto oficial em razão dos falecimentos. Segundo o portal NSC Total, o grupo morava em Florianópolis há cerca de um mês. Gustavo havia publicado, há dois dias, um vídeo em uma sacada de Balneário Camboriú dizendo que está com "uns planos massa na cabeça", e pedindo para que o acompanhasse nas redes sociais.
Conforme o Estado de Minas, a ideia de sair de Minas Gerais em direção ao sul do país partiu de Gustavo, que era influencer e empreendedor nas redes sociais. Karla, Nicolas e Tiago foram para Santa Catarina, junto com o amigo Gustavo, para trabalhar na empresa que estava sendo montada. A única sobrevivente, a mulher que chegou a Balneário Camboriú, era a namorada de Gustavo e se juntaria ao grupo na empreitada.