O município de Uruguaiana, na Fronteira Oeste, segue enfrentando problemas causados pelas últimas cheias do Rio Uruguai. No dia 9 de outubro, o primeiro morador da cidade chegava a um abrigo. Passados quase dois meses, 285 pessoas seguem em locais públicos do município, e sem previsão de retorno para casa.
Atualmente, a Defesa Civil de Uruguaiana contabiliza 6.029 moradores em casas de parentes. Segundo o órgão, 21,3 mil pessoas foram prejudicadas pela cheia do Rio Uruguai. O município decretou situação de emergência no dia 16 de outubro. O documento foi homologado pelo Estado e reconhecido pela União. Mesmo assim, segundo a prefeitura de Uruguaiana, nenhum repasse financeiro foi feito às famílias atingidas até o momento.
Conforme a Defesa Civil do município, um levantamento das residências atingidas deve ser encaminhado à Caixa Econômica Federal até a próxima semana, para que valores do Fundo de Garantia sejam repassados aos atingidos.
De acordo com o órgão, o alto nível do Rio Uruguai dificulta esses levantamentos, já que é necessário comparecer a cada residência afetada para fazer a contabilização. O coordenador da Defesa Civil de Uruguaiana, Paulo Woutheres, explica que a demora da baixa do nível do rio amplia as perdas no município.
— Todas as pessoas que estão em abrigos estão com as casas embaixo da água ainda. Provavelmente quando a água baixar, muitas pessoas vão perder suas residências. Ainda não podemos definir, pois ainda tem muita enchente aqui. Aqui em Uruguaiana faz mais de 40 dias que a enchente nos atinge — explica o coordenador.
No último sábado (25), o nível do Rio Uruguai superou a cota de inundação, de 8m50cm, e chegou à maior marca durante o período de cheias, atingindo 12m37cm. Essa é a segunda maior inundação já registrada em Uruguaiana. A mais severa ocorreu em 1983, quando o rio chegou a 13m68cm.
Desde o início das cheias de outubro, a prefeitura de Uruguaiana mantém abrigos oficiais em prédios públicos, como auxílio a famílias atingidas. Segundo o Executivo municipal, não é possível prever o retorno para casa dos abrigados por conta da oscilação do nível do Rio Uruguai.
Loteamento
A prefeitura de Uruguaiana possui um projeto em andamento para sanar o problema a longo prazo. Em fase final das obras, o loteamento Olavo Rodrigues vai contar com 441 apartamentos. Destes, 225 serão destinados à população ribeirinha que reside em áreas de risco de enchentes.
Segundo o secretário municipal de Habitação e Regularização Fundiária, Celso Duarte, o cadastramento das famílias começou em 2017.
— O cadastro existe há mais de cinco anos. Nós já temos 95 cadastros completamente aprovados pela Caixa Econômica Federal só aguardando a entrega das chaves. Outras inclusões pontuais podem ocorrer, porque algumas pessoas deixam as casas que ficam em áreas de risco nesse meio tempo, e precisam ser substituídas por outras. O benefício tem que ser destinado para quem está morando naquelas casas, que posteriormente serão demolidas, para desocupar a área de risco — comenta o secretário.
Segundo a secretaria, além da previsão de demolição de residências para evitar que novos moradores se instalem em áreas de risco, a fiscalização no local também deve ser intensificada.
A construção do loteamento Olavo Rodrigues está sendo executada pela empresa ALM Engenharia, e o prazo final para entrega do empreendimento é em agosto de 2024.