O secretário nacional de Proteção de Defesa Civil, Wolnei Aparecido Wolff Barreiros, afirmou ao Estúdio Gaúcha, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (7), que a dimensão da chuva que causou uma série de transtornos no Rio Grande do Sul não era esperada pelo órgão e por institutos de climatologia.
— Os institutos de meteorologia fizeram uma previsão de algo em torno de 100 a 150mm (de chuva) em 24 horas, o que já é muita chuva e já causa muitos danos e prejuízos às populações. Pelas informações que tivemos, em alguns municípios caíram mais de 300mm em um tempo menor a 24 horas. Foi um evento climático extremo, muito forte mesmo — afirmou.
O secretário ainda disse que as equipes da Defesa Civil estadual e federal estavam se preparando desde sexta-feira (1º) para um evento de menor porte e que alertas nesse sentido foram emitidos. No entanto, avalia que a população e os órgãos não estavam preparados para um evento tão forte.
— Você imagina: as pessoas estão acostumadas com suas residências e com seus municípios que chovem muito. Elas sabem onde a água desce e estão acostumadas a uma normalidade, a uma média. Ninguém esperava esse tanto de chuva, de 300 a 350 mm. (...) Agora, vamos imaginar que toda essa população atendesse ao alerta dado pela Defesa Civil e saísse de suas casas. A cidade tem 5 mil, 10 mil pessoas, então não é um movimento simples de se fazer. Onde colocar essa população toda? Para onde levar essa população toda? — questionou.
Barreiros avalia que a forte chuva e as enchentes que castigaram o Rio Grande do Sul são resultados não só de eventos climáticos isolados, mas também de algo maior: o aquecimento global.
— É um evento climático extremo que estamos sentindo, o mundo todo está vivendo. China, Canadá, que teve o maior incêndio florestal neste ano, Estados Unidos, que também teve um grande incêndio florestal com vários mortes. O aquecimento global já é uma realidade e tem trazido mudanças que a gente ainda está tentando entender as dimensões e se adaptar — afirma.
Durante a entrevista, Barreiros ainda afirmou que a Defesa Civil nacional mantém plano para atender e apoiar os municípios atingidos pela tragédia climática. Em um primeiro momento, está sendo ofertada a assistência humanitária, que engloba a distribuição dos itens mais necessários após as tragédias, como cestas básicas, água potável, kits de limpeza, roupas e colchões.
Em um segundo momento, prefeituras podem solicitar recursos para a retomada da cidade. O pedido é feito por planos, que devem ser enviados à Defesa Civil nacional, que analisará e aprovará a liberação de recursos. A última ajuda ofertada pelo órgão é para a reconstrução de estruturas públicas mais complexas que foram danificadas, como pontes e avenidas.
Barreiros assinala que a primeira etapa já está em execução no Estado. A segunda, começará a ser analisada a partir desta sexta-feira (8).
— Estamos trabalhando com esse primeiro plano de assistência humanitária e esperamos começar a aprovar os primeiros planos (de retomada) amanhã (sexta) de manhã. Depois tem trâmites que a gente empenha no mesmo dia ou no seguinte. Daí tem mais um tempinho para chegar nas contas da prefeitura para que o prefeito consiga comprar e os insumos cheguem na mão da população — finaliza.