Morreu na manhã deste sábado (26) aos 89 anos o cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo. Arcebispo emérito de Salvador da Bahia, e ex-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o religioso faleceu no Paraná, onde residia desde 2014. A informação é da Arquidiocese de Londrina, de onde Dom Geraldo foi arcebispo entre os anos de 1982 e 1991. A causa da morte não foi divulgada.
A saúde de Dom Geraldo se agravou em dezembro de 2022, quando sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O cardeal encontrava-se em internamento domiciliar, em Londrina, e apresentou piora nos últimos dias. Na manhã deste sábado, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Nova, em Londrina, informou que está de luto pela morte do cardeal.
No período em que foi arcebispo da Arquidiocese de Londrina, Dom Geraldo fundou a Pastoral da Criança, em 1983, ao lado da médica Zilda Arns, em Florestópolis. O cardeal escolheu o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, para celebrar os 65 anos de ordenação, em junho do ano passado.
— Estamos em luto. Não apenas nossa Arquidiocese, mas, sobretudo, nosso Santuário. Aqui, na Casa da Mãe Aparecida em Londrina, foi um dos últimos lugares onde ele esteve publicamente, onde ele participou de uma celebração e onde recebeu tantas homenagens, todas muito merecidas — ressaltou o padre Rodolfo Trisltz, pároco e reitor do Santuário.
Amigo pessoal do papa João Paulo II e integrante da Cúria Romana quando o então Pontífice morreu, em 2005, Dom Geraldo teve seu nome cotado para substituir o Papa, com quem conviveu e trabalhou durante muitos anos. Na ocasião, Bento XVI acabou sendo eleito. Mais tarde, o cardeal participou da escolha do novo Papa, após a renúncia do Sumo Pontífice.
Naquele ano, em fevereiro de 2013, Dom Geraldo concedeu entrevista a Zero Hora sobre como seria sua participação da eleição do novo Papa. Ao ser indagado sobre a possibilidade de ser escolhido um papa brasileiro, respondeu que se tratava de pura especulação.
— Alguns jornais gostam de ter esta torcida. Não é sobre esse aspecto que estaremos ali reunidos, dizendo: "Agora, chegou a vez do Brasil". Estamos ali para ver quem pode ser referência, na cátedra de São Pedro, para o mundo: uma pessoa preparada intelectualmente, que possa estar sabendo quais são as necessidades do mundo — disse Dom Geraldo.
Quem era Dom Geraldo
Dom Geraldo Majella Agnelo nasceu no dia 19 de outubro de 1933, em Juiz de Fora, Minas Gerais, filho de Antônio Agnelo e Sylvia Agnelo. Aos 12 anos, ingressou no Seminário Menor Diocesano Santo Antônio, onde ficou até completar 14 anos. Foi ordenado padre em 29 de junho de 1957, na Catedral de São Paulo. Fez doutorado em teologia em Roma e em 1978 foi nomeado Bispo de Toledo, no oeste do Paraná, onde ficou até 1982.
Em 1983, Dom Geraldo foi ordenado Arcebispo de Londrina. Durante esse período, participou da construção da torre da catedral, onde foram colocados os sinos. Em 13 de janeiro de 1999, foi nomeado pelo Papa João Paulo II como Arcebispo da Arquidiocese de Salvador, na Bahia, e recebeu o título de Cardeal pelo Papa João Paulo II.
Em 2011, Dom Geraldo teve o pedido de renúncia aceito pelo papa Bento XVI, tornando-se arcebispo emérito da Arquidiocese de Salvador. No Vaticano, foi membro do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes e da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja.
Participou de dois conclaves, um deles em 2005, quando foi eleito o papa Bento XVI, e o outro, em 2013, no qual foi escolhido o papa Francisco. Dom Geraldo foi um dos três presidentes da Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, realizada em Aparecida (SP), em maio de 2007, e presidiu a CNBB de 2003 a 2007.