Os moradores de mais de 30 cidades próximas de uma das artérias viárias por onde flui a economia do Rio Grande do Sul receberam uma boa notícia no início da semana. Depois de 40 dias de suspensão – em razão de desentendimentos entre a detentora da concessão, a CCR ViaSul, e a prestadora do serviço, Eurovias –, as obras na primeira das seis etapas de um investimento de R$ 300 milhões em melhorias programadas para a BR-386, até 2030, foram retomadas na última segunda-feira.
São os seis quilômetros que faltam para concluir um total de 20 quilômetros de duplicação da pista entre Lajeado e Marques de Souza. Há três dias, já é possível ver a presença de trabalhadores à altura do km 340 da rodovia. Na quarta-feira (24), a movimentação de máquinas ficou mais intensa.
A expectativa é de que a força total seja atingida no final da próxima semana, com um contingente de quase 400 operários. O trecho, previsto inicialmente para ser entregue em julho, não ficará pronto antes de setembro. Os prazos já haviam sido modificados por uma demora na liberação de licenças ambientais.
— De fato, voltamos para a pista e estamos trabalhando em paralelo nesse cronograma de finalização, entre Lajeado e Marques de Souza. Quando houve o percalço com o licenciamento ambiental (em fevereiro), o prazo já havia sido prorrogado para 30 de junho de 2023. Esse é o prazo contratual, mas que terá algum tipo de prejuízo — afirma a diretora de engenharia da CCR Rodovias, Thaís Borges.
Etapas
De acordo com a engenheira, o fato não gera impacto para as demais etapas do projeto que contempla a gestão de 265,8 quilômetros, com quatro praças de pedágio, entre Canoas, na Região Metropolitana, até Carazinho, no norte do Estado.
Ainda esta semana, conforme Thaís, será definido o processo de tomada de preços para a contratação das empresas responsáveis por mais 26 quilômetros de duplicação, desta vez no trajeto entre Fontoura Xavier e Soledade, que integram um pacote de 111 quilômetros em processo de contratação para duplicação até Tio Hugo.
— São coisas independentes. Estamos finalizando a tomada de preços e são muitas empresas interessadas em fazer essa obra. É uma semana de equalização das propostas e aguardamos a conclusão das avaliações técnica e comerciais — comenta, ao projetar o início dessa fase para agosto.
A pesquisa anual da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) apontou, em 2022, que o estado de conservação de 45,9% da extensão da BR-386 é entre péssimo e regular. Um levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) relatou a ocorrência de 1,5 mil acidentes entre 2017 e 2023, com 146 mortes.
Região tem indústrias e alto fluxo
Os 265,8 quilômetros cedidos à CCR correspondem a mais da metade dos 477 quilômetros da BR-386, que liga a Região Metropolitana a Iraí, no extremo noroeste do Estado, na divisa com Santa Catarina. A via tem conexões com rotas que levam à Fronteira Oeste, parte da Serra e ao Litoral do Estado vizinho (caso da BR-285). Há ainda a BR-453, que faz a confluência entre Santa Maria, na Região Central (via RS-287), e Caxias do Sul, na serra gaúcha, entre outras.
A via também é conhecida como Rodovia da Produção. Por ela, passam, em média, cerca de 20 mil veículos diariamente. Nos municípios próximos, em especial os do Vale do Taquari (que segundo os dados prévios do censo do IBGE, em 2022, concentram 363.698 habitantes em 32 cidades) a diversificação econômica é uma das marcas.
Na região, que tem em Lajeado a sua maior cidade, há agroindústrias vinculadas com a criação e os abates da avicultura e da suinocultura, produção de laticínios, empresas calçadistas (intensivas em contratação de mão de obra) e indústrias como Fruki e Neugebauer, além de um centro de distribuição do Mercado Livre e uma usina de asfalto da CCR.