Pelo terceiro ano consecutivo, o Rio Grande do Sul sofre com a estiagem, que tem efeitos tanto na economia do Estado, dadas as perdas na safra agrícola, quanto na alimentação da população. Para o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, a falta de chuva generalizada no território gaúcho deixou de ser esporádica, para se tornar um problema permanente, que, portanto, precisa de outro tipo de enfrentamento. Lemos diz que é preciso entender isto e levar esta perspectiva ao governo federal, em busca de apoio.
— Desde que eu, que sou do Alegrete, me dou por gente a gente convive com a questão da estiagem, só que claro, era espaçado. Um ano se tinha uma estiagem mais aguda e aí depois tinha um fôlego de alguns anos que tinha uma volta a normalidade. E o que que a gente tem visto ultimamente? Todos os anos estiagens que permanecem e que vão agudizando ainda mais ano a ano a condição da nossa produção e do nosso produtor — disse Lemos em entrevista ao Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (14).
Uma das medidas mais comuns adotadas pelo governo do Estado na tentativa de reduzir os danos pela falta de chuva é a abertura de açudes em propriedades rurais. O secretário avalia que este trabalho, por exemplo, pode ser qualificado:
— A gente tem uma condição que temos que nos adaptar do ponto de vista de que o solo, quando você faz o açude nos moldes antigos, ele não vai conseguir reter a água pelo longo período que fica sem chuva e aí acaba secando porque a terra acaba absorvendo. Então a gente tem que avançar também em medidas, e buscando exemplos do que acontece no Nordeste, que fica longos períodos sem chuvas, para que a gente traga para cá, como, por exemplo, fazer a impermeabilização desses açudes e outras tecnologias que possam melhor adaptar-nos ao que já estamos vivendo aí com as mudanças climáticas.
Além da abertura de açudes, Lemos destaca outras medidas adotadas pelo Piratini, como como a perfuração de poços e a oferta condições de financiamento para "reservação e até mesmo irrigação" por parte dos próprios produtores. Segundo o chefe da Casa Civil, desde 2022 foram investidos R$ 320 milhões em ações do tipo.
Barragens de Jaguari e Taquarembó
Iniciadas em 2007, com um orçamento de R$ 325 milhões, as barragens de Jaguari e Taquarembó são apontadas pelo secretário como uma grande aposta do governo para conter os efeitos da estiagem no Estado. As obras estavam paradas, mas foram retomadas no primeiro mandato de Eduardo Leite. Lemos projeta que elas serão concluídas antes do fim da atual gestão — até 2026, portanto.
— Retomamos as obras na primeira gestão do governador Eduardo Leite, elas avançaram. A Jaguari está em um nível mais evoluído de execução, nós chegamos ali próximo de 80%. E a Taquarembó ainda com algumas situações do ponto de vista de realização de contratações que estão sendo feitas. Pretendemos, sim, nessa gestão concluir essas duas grandes barragens e iniciar os canais de irrigação que vão levar para as propriedades — afirmou o chefe da Casa Civil.
As represas formarão reservatórios, tanto para o abastecimento da população quanto para a irrigação da produção agrícola. A barragem de Jaguari fica em São Gabriel, devendo atender ainda Lavras do Sul e Rosário do Sul. Já a de Taquarembó, que terá a capacidade de irrigar 50 mil hectares por ano, fica localizada em Dom Pedrito e beneficiará também Lavras do Sul e Rosário do Sul.
Ouça a entrevista na íntegra: