O Coletivo "Kiss: que não se repita" segue com as divulgações do projeto Tempo Perdido. Com ajuda de programas de computação, a homenagem simula como estariam as fisionomias de oito vítimas da tragédia na boate Kiss, 10 anos depois do incêndio em Santa Maria.
Nesta quinta-feira (12), foi publicado na página do coletivo o comparativo da jovem Thanise Corrêa Garcia, que tinha 18 anos em 2013, e como ela estaria hoje, com 28.
Os dois primeiros a serem retratados foram a ex-funcionária da casa noturna, Letícia Vasconcellos, que tinha 36 anos, e o jovem Lucas Dias de Oliveira, que tinha 20. As simulações serão postadas até o dia 25.
A história de Thanise
Thanise é a primeira filha de Carina Corrêa. Ela ficou grávida quando tinha 15 anos. Então, quando a filha cresceu, virou também sua melhor amiga. Elas trocavam segredos e saíam para se divertir juntas com frequência.
A ida de Thanise à Kiss já era certa. Inclusive, naquela semana, as duas foram em busca de uma roupa e um sapato para que ela fosse à festa. Carina não pôde acompanhar a produção da filha, já que estava de plantão em um hospital da cidade. As duas se falaram pela última vez por volta da 1h de domingo, pouco antes de o incêndio acontecer. A filha disse que estava cansada e que logo iria embora.
Carina apelidou Thanise de Di, por conta de uma música da banda Maná, chamada Dime Luna (Diga-me, lua), que as duas adoravam. A filha era orgulho de toda a família, especialmente dos avós, que celebravam a entrada dela na faculdade de Filosofia um ano antes. Era também um espelho para a irmã mais nova, Camilly, que tinha 13 anos à época do incêndio.
Em 2018, Carina deu à luz o terceiro filho. Deu a ele o nome de Theo. Uma homenagem a Thanise, para que ele tivesse as mesmas iniciais. Carina conta que a primogênita sempre brincava que ela era a excluída, já que a mãe e a irmã mais nova tinham as mesmas letras iniciais do nome. Para Carina, foi Di que escolheu o nome do irmão.
A história de Thanise, Carina e da família Corrêa é contada no livro Todo dia a mesma noite, da jornalista Daniela Arbex, que virou série da Netflix. O trailer foi divulgado na segunda-feira (9) e a estreia está marcada para o dia 25.
O projeto
As oito vítimas foram escolhidas com o consenso das famílias. Conforme os responsáveis pelo projeto, o objetivo é trazer conforto e amor para as oito famílias escolhidas, que gostaram da iniciativa.
Sete das vítimas retratadas eram de Santa Maria e uma de São Gabriel. Serão quatro homens e quatro mulheres. As simulações serão divulgadas semanalmente nas redes sociais do coletivo até o dia 25.
No dia 27, banners com as simulações completas serão expostos na cidade. Também serão impressas fotos do trabalho que serão entregues às oito famílias em uma caixa personalizada.
Em 27 de janeiro, o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, na Região Central, completa 10 anos. A tragédia que enlutou não só os santa-marienses e gaúchos, mas todo o país, deixou 242 mortos e mais de 600 feridos.