Na véspera da data em que a tragédia na Boate Kiss, que deixou 242 mortos em Santa Maria, completa 10 anos, entidades que representam familiares de vítimas e sobreviventes concederam entrevista coletiva. Na tarde desta quinta-feira (26), Gabriel Barros, da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), André Polga, do Coletivo Kiss, e a psicóloga Vanessa Pereira, do Eixo Kiss, afirmaram que a mobilização por justiça vai continuar.
— Temos de concretizar, temos de enraizar a história da Kiss com a história em Santa Maria — enfatizou o presidente da ASVTSM.
Com ampla programação para marcar os 10 anos da tragédia — pela qual não há ninguém preso e cujo julgamento dos quatro réus acabou sendo anulado —, as entidades defendem a necessidade de haver eventos para que o caso não seja esquecido. Polga afirmou que, nas redes sociais, é percebida hostilidade com a causa, com frases como: "Deixem eles descansarem" e "Ainda estão nisso?".
Em razão disso, destacaram a importância das duas séries que lembram o incêndio, disponíveis na Netflix e no Globoplay, que entendem como ferramentas para gerar engajamento.
Uma das produções, um documentário do jornalista Marcelo Canellas, nascido em Santa Maria, terá o primeiro episódio exibido na noite de quinta-feira (26). Na sexta, haverá debate em um painel com Canellas.
Os responsáveis pelas entidades entendem que a desmobilização em torno da tragédia se iniciou após o desgaste com autoridades e com o descrédito em razão da anulação do júri.
Barros ressaltou que as entidades participaram de reuniões sobre a Lei Kiss, que buscava criar regras sobre o funcionamento de casas noturnas no Estado. Mas disse que não conseguiram ser ouvidos da forma que gostariam e que aguardam por desdobramentos. O tema é considerado muito importante e por isso será motivo de debate em painel na sexta-feira (27).
O presidente também destacou a construção de um memorial no local onde funcionava a Kiss. Segundo ele, não há prazo nem data, mas tem projeto aprovado após concurso realizado para escolher a ideia mais apropriada.
No fim da coletiva, foi apresentada uma colcha com retalhos contendo mensagens de moradores de Santa Maria aos familiares e vítimas da tragédia. A colcha foi feita para o júri em 2021 em Porto Alegre e, nesta quinta-feira, será exibida na praça Saldanha Marinho, no centro de Santa Maria, durante o segundo dia de programação para marcar os 10 anos do incêndio.