Militares da Força Aérea Brasileira (FAB) começaram a montar, em Boa Vista, o primeiro dos hospitais de campanha que o governo federal planeja utilizar para atender os indígenas da etnia yanomami.
Segundo o secretário nacional de Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba, mais de mil pessoas com graves problemas de saúde já foram transferidas da Terra Indígena Yanomami, perto da fronteira com a Venezuela, para a capital de Roraima — uma viagem que, em aviões de médio porte, dura, em média, duas horas.
— Pudemos presenciar o estado de calamidade em que o território (yanomami) está. É um cenário de guerra — declarou Tapeba ao conversar com jornalistas, na capital roraimense.
No começo da semana, havia 583 pessoas alojadas na unidade de saúde de Boa Vista, para onde parte dos yanomami doentes está sendo transferida para receber tratamento médico adequado. Do total, 271 indígenas eram pacientes; 257 acompanhantes e 55 já receberam alta médica e aguardam uma oportunidade de voltar a seus territórios.
— Queremos desafogar o espaço, pois as condições estão insalubres — disse o secretário nacional.
— Estamos implantando um hospital de campanha aqui em Boa Vista para resolvermos o problema de assistência aos indígenas que estão alojados na Casa de Apoio e também para dar assistência aos que estão chegando — acrescentou Tapeba, reforçando que o Ministério da Saúde planeja montar ao menos mais um destes equipamentos na região do Surucucu, onde vivem os yanomami em situação de grande vulnerabilidade.
De acordo com o secretário, os principais problemas de saúde identificados são desnutrição, malária e infecção respiratória aguda. A situação motivou o Ministério da Saúde a, na última sexta-feira (20), declarar Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional – o que permite ao Poder Executivo federal adotar, em caráter de urgência, medidas de "prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública".