O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) e delegado da Polícia Federal, Marcelo Xavier, abandonou o Terceiro Encontro de Altas Autoridades da Ibero-América com Povos Indígenas, ocorrido nesta quinta-feira (21), em Madri, na Espanha. O representante da instituição tomou a decisão após um dos presentes no evento ter dito que ele seria miliciano e de criticar sua atual gestão frente ao órgão federal. As informações são do jornal O Globo.
A confusão se iniciou quando o ativista Ricardo Rao afirmou que Xavier seria um dos responsáveis pelo genocídio dos povos originários e que teria uma parcela de culpa na morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, assassinados em 5 de junho na região do Vale do Javari, na Amazônia.
O ativista ainda disse que Marcelo estava envolvido com milícias e criticou a atual gestão da Funai.
— Este homem não pertence a este local. Não é digno de estar aqui. O Itamaraty é uma vergonha. O Itamaraty está sendo babá de miliciano. Marcelo Xavier é um miliciano. Este homem é um assassino. Este homem é responsável pela morte de Bruno Pereira e pela morte de Philips — gritou o ativista, que ficou em pé, de frente para os outros participantes do evento.
Ricardo ainda continuou seu discurso e se dirigiu diretamente para Xavier, apontando o dedo em direção ao presidente da Funai.
— Você é um miliciano, Xavier. Bandido. Vai embora mesmo, vai para fora — falou Ricardo, de forma exaltada.
Depois da situação, Marcelo decidiu se retirar do local. Em seguida, o ativista se dirigiu à plateia e pediu desculpas pelo ocorrido. As imagens da confusão foram compartilhadas por Ricardo em suas redes sociais.
"Urgente! Marcelo Xavier, presidente miliciano da Funai, é expulso de um evento da ONU em Madri! Compartilhem!", escreveu em um tweet.
Até o momento, a Funai não se pronunciou sobre o caso.
Quem é Ricardo Rao
O ativista ambiental Ricardo Rao é indigenista da própria Funai. Ele chegou a trabalhar e atuar em lutas sociais ao lado de Bruno Pereira, que foi assassinado em 5 de junho enquanto fazia uma expedição com o jornalista inglês Dom Phillips na região do Vale do Javari, na Amazônia.
Em declarações públicas recentes, Ricardo contou que precisou deixar o Brasil após ter sofrido ameaças de morte durante seu trabalho de fiscalização como representante do órgão federal.