O cenário geral do Rio Grande do Sul piorou no ranking anual de saneamento que reúne as cem maiores cidades do Brasil.
Dos seis representantes gaúchos que figuram no levantamento elaborado com base em dados de cobertura e tratamento de água e esgoto, quatro perderam posições na comparação com o relatório do ano passado, e apenas duas avançaram – Canoas e Pelotas, que, graças a essa evolução, deixou a incômoda lista das 20 localidades pior avaliadas. O tratamento de esgoto é o principal obstáculo a ser superado pelas prefeituras do Estado a fim de alcançar as metas estabelecidas para 2033.
— Percebemos que, assim como em outras regiões do país, a maior dificuldade entre os municípios gaúchos é elevar os percentuais de coleta e tratamento de esgoto. Enquanto em muitos locais o atendimento de água supera 90% (da população), em relação ao esgoto isso cai para cerca de 40%, 50% — observa a presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Siewert Pretto, lembrando que, em 2033, as prefeituras devem chegar a índices de 99% de oferta de água e 90% de coleta e tratamento de esgoto.
O ranking divulgado nesta terça-feira (22) é elaborado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados. O relatório analisa indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, com dados disponíveis até 2020, para classificar o desempenho das principais cidades brasileiras.
Entram nesse cálculo itens como cobertura de água e esgoto em relação à população, relação entre consumo de água e proporção de tratamento do esgoto e níveis de investimento, entre outros pontos.
A combinação desses itens resulta em uma nota de zero a 10. A cidade melhor colocada em todo o país é Santos (SP), com média de 9,94. Entre os municípios gaúchos, Porto Alegre aparece na melhor situação, com 7,52. Em seguida vêm Caxias (6,47), Santa Maria (5,56), Pelotas (5,13), Canoas (5,04) e Gravataí (3,96).
Em nível nacional, Luana lembra que é fundamental o país elevar o patamar de investimentos para alcançar uma condição minimamente adequada de infraestrutura. O Brasil aplica hoje, como um todo, cerca de R$ 13 bilhões anuais em saneamento. Mas, para cumprir as metas acordadas para 2033, seria preciso subir esse gasto para cerca de R$ 40 bilhões.
A presidente do instituto reforça que a diferença no volume de dinheiro destinado a tubulações e estações de tratamento se reflete no desempenho das cidades no ranking.
— Os 20 melhor colocados aplicaram, em média, R$ 135 por habitante ao ano. Entre os 20 piores, esse valor ficou em apenas R$ 48. É preciso aumentar os investimentos — resume Luana.
Hoje, 35 milhões de brasileiros ainda não têm acesso a água tratada, e 100 milhões não contam com coleta de esgoto. Esta edição do levantamento ainda não mede os possíveis impactos trazidos pelo novo marco de saneamento, de 2020, que favoreceu leilões de serviços de água e esgoto a parceiros privados e aumentou os valores envolvidos em projetos nessas áreas. Eventuais mudanças deverão ser refletidas nos próximos relatórios.
Pelotas apresentou a melhor evolução entre os gaúchos
Nenhuma cidade gaúcha figura entre as 40 melhores colocadas no ranking de saneamento dos grandes municípios do país, e duas (Canoas e Gravataí) ainda aparecem entre os 20 pior avaliados.
Em comparação ao ano passado, perderam posições no ranking a Capital (caiu de 42ª para 43ª), Caxias (perdeu oito e ficou na 62ª), Santa Maria (perdeu uma e está na 75ª) e Gravataí (passou da 88ª para a 92ª). Canoas subiu um posto e ficou na classificação 81, enquanto Pelotas teve a melhor evolução e subiu quatro posições, estando agora no 80º lugar. Graças a isso, deixou a listagem dos 20 piores municípios.
— Nos últimos anos, investimos na substituição de 120 quilômetros de canos de água e implantamos mais 2 mil metros de redes de esgoto desde 2018. Também estamos investindo em uma estação que vai elevar o percentual de tratamento dos atuais 18% para 40% — afirma a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas.
O município do sul do Estado conta, atualmente, com cerca de 500 quilômetros de tubulação de esgoto e 1,1 mil quilômetros de canalizações de água.