A cadela Pandora, que ficou 45 dias desaparecida após o tutor, o garçom Reinaldo Junior, fazer uma conexão da Gol no aeroporto de Guarulhos, está internada em uma clínica veterinária. O laudo apontou que o animal está com desnutrição e desidratação. Não há previsão de alta.
Segundo o garçom, Pandora perdeu muito peso (aproximadamente 7,2 quilos) e entrou em estado de caquexia — perda de tecido adiposo e músculo ósseo. Devido a este quadro, a cadela deverá realizar exames para verificar a necessidade de tratamento.
De acordo com o documento assinado pela veterinária Denise Pastorello, Pandora chegou à clínica com sonolência, desidratação moderada e severa, leve dor na coluna e fraqueza ao andar. Além disso, ela apresentou apatia e respiração ofegante durante a noite.
"Está desnutrida e desidratada, apresenta fraqueza ao andar e, por isso, está sendo mantida na fluidoterapia e alimentação protéica", informou o tutor nas redes sociais. Para Reinaldo, o foco agora é se concentrar na recuperação dela. Ele também está recebendo o apoio dos seus advogados, que deverão mover uma ação contra a empresa aérea.
Entenda o caso
No dia 15 de dezembro de 2021, o garçom Reinaldo Junior viajava com a cadela Pandora. O destino era de Recife para Navegantes (Santa Catarina), mas o voo precisou fazer uma conexão no Aeroporto de Guarulhos. Por exigências da companhia, Pandora deveria ficar dentro de uma caixa de transporte. No entanto, ao chegarem em São Paulo, ela acabou fugindo.
Após o desaparecimento, Reinaldo divulgou fotos dela nas redes sociais e contou com o apoio jurídico e de grupos envolvidos com a causa animal. Depois de aproximadamente 45 dias, Pandora foi encontrada no terminal 3 do aeroporto de Guarulhos pelo eletricista Victor Leonardo Marques, que presta serviços a uma empresa terceirizada da concessionária GRU Airport.
Assim que Victor encontrou a cadela embaixo de uma ponte do lado de fora do prédio, ele entrou em contato com a mãe de Reinaldo, dona Terezinha Branco. Em seguida, o animal foi levado de carro até a casa onde o tutor estava hospedado, também em Guarulhos.
O reencontro entre Pandora e o tutor aconteceu no domingo (30). "Perseverança foi a força que nos moveu durante todo esse tempo, nunca perdemos a fé e a esperança de que encontraríamos a Pandora e, por isso, não desistimos! ", comemorou Reinaldo nas redes sociais após o desfecho da história.
Transporte aéreo de animais
O caso de Reinaldo e Pandora reacendeu as discussões sobre o transporte de animais por companhias aéreas. As empresas permitem que animais de pequeno porte fiquem com seus donos, desde que em caixas apropriadas e obedecendo a determinas regras. Já bichos de estimação de médio a grande porte só podem viajar com os tutores se forem enquadrados como animais de assistência ou de trabalho. Em caso contrário, devem viajar nos porões das aeronaves e são despachados como cargas, em caixas próprias.
Já aconteceram casos de animais morrerem por asfixia ou devido à temperatura do local. Ativistas da causa animal e tutores já realizaram inúmeros protestos defendendo que os bichos de estimação não devem ser tratados como cargas.
Em outubro do ano passado, após o caso da morte de um animal, a Latam teve que suspender por 30 dias a venda de passagem aérea para pessoas que precisavam despachar seus bichos de estimação.
Devido à repercussão do caso Pandora, a Gol se comprometeu a revisar as etapas e regras que envolvem o transporte de animais para que possam aprimorá-las.