Em entrevista ao programa Faixa Especial, da Rádio Gaúcha, o prefeito de Capitólio, Cristiano Geraldo da Silva, falou sobre o impacto da tragédia que atingiu a pequena cidade mineira no sábado (8), quando parte da estrutura de um cânion desabou sobre quatro embarcações turísticas no Lago de Furnas, matando 10 pessoas. As vítimas estavam na mesma lancha, cuja identificação era o nome "Jesus". Cinco pessoas foram identificadas até agora.
O prefeito afirmou que a cidade está em choque, uma vez que jamais havia testemunhado um episódio semelhante. Com paisagens deslumbrantes, a região de Capitólio, no Centro-Oeste de Minas Gerais, é um destino turístico bastante procurado, especialmente as cidades banhadas pelo Lago de Furnas.
— A gente nunca viu um desprendimento de pedra desse porte, tão grande. Foi como aqueles icebergs que se vê na televisão, aqueles desprendimentos de gelo gigantescos — comparou o prefeito, em entrevista ao apresentador Mateus Ferraz. — Temos aqui muitas formações rochosas, como esses paredões, e nunca houve um relato sobre um bloco de pedra se desprender da maneira como esse se desprendeu. A gente ficou muito assustado por conta disso.
Segundo Silva, todos os sobreviventes se recuperam bem.
— Tivemos 32 pessoas feridas, duas um pouco mais graves, mas ontem à tarde (sábado) elas já se encontravam estáveis, e outras duas com ferimento de fratura exposta, mas que foram submetidas a cirurgia e estão sendo acompanhadas nos hospitais — afirmou o prefeito, que confirmou que as demais já retornaram para suas casas ou para os hotéis onde estavam hospedadas.
Ouça a íntegra da entrevista
Investigação
A causa do desabamento segue indeterminada. Cerca de 40 mergulhadores do Corpo de Bombeiros foram envolvidos nas buscas. O prefeito diz que que ocorrerá uma investigação conjunta sobre o episódio.
— A gente está aguardando a Defesa Civil, juntamente com os bombeiros e a Marinha, fazer a liberação do local para que, através de uma equipe de geologia, possa ser feito um estudo — explicou. — Amanhã (segunda-feira) teremos uma reunião com a Marinha do Brasil, com a Defesa Civil e cidades vizinhas de Capitólio, São José da Barra e São João Batista do Glória, para que a gente possa começar a desenvolver esse plano de estudo, entender como vai ser feita essa análise, para que a gente possa ter um Norte.
Na sexta-feira (7), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) havia emitido um alerta de fortes chuvas, com previsão incluindo a manhã de sábado, dia do acidente. O prefeito diz que "não pode afirmar nada" antes do resultado do estudo técnico, mas acredita que os temporais que assolam Minas Gerais possam ter, sim, influenciado no desabamento. O fenômeno conhecido como "cabeça d´água" acontece quando chove de forma intensa em um mesmo ponto do rio, levando o leito a subir repentinamente. Essa possibilidade também será investigada.
— Aqui está chovendo muito forte há aproximadamente uns 15 dias. Fazia mais ou menos uns sete anos que não tínhamos o volume de chuva que estamos tendo agora. Pra você ter uma ideia, de outubro pra cá, o Lago de Furnas, que abrange 34 municípios, com 3.400 mil quilômetros de circunferência e capacidade para mais de 3 milhões de metros cúbicos de água, subiu mais de seis metros. É um volume muito grande de água na nossa região. A gente acredita que o fator chuva pode ter uma relevância para o acidente.