Após reproduzir, na quinta-feira (9), o que seria uma mensagem psicografada de uma vítima da boate Kiss, a advogada Tatiana Borsa, que defende o réu Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira, explicou o motivo de ter usado o material e se defendeu de críticas nesta sexta (10) durante o período da tréplica.
Veja vídeo abaixo:
A criminalista afirmou que não esperava que o episódio gerasse polêmica e argumentou que a mensagem foi obtida por pais de algumas das vítimas.
Na quinta, ela usou a suposta carta psicografada por uma vítima, que afirma na mensagem que o incêndio se trata de uma fatalidade.
— Respeito todas as religiões. Se eu soubesse que isso (a carta) causaria tanta, tanta polêmica, eu não teria usado. Porque eu não quero fazer exibicionismo, não tenho que aparecer para ninguém, não preciso disso — argumentou, complementando que "não é o momento de falar de religIão, mas de amor".
A advogada também pediu desculpas aos pais de seis vítimas que estariam mencionadas no livro.
Tatiana ainda criticou o Ministério Público por mostrar aos jurados imagens de vítimas, que considera fortes, do dia da tragédia:
— Santa Maria tem que sair do dia 27. Temos que sair do dia 27. Sair de 2013. Temos que fazer o que esses filhos falam aqui. Todas as mensagens dos filhos pedindo para que os pais se afastem desta comoção, tem mensagens aqui de filhos dizendo: "Nós estávamos lá no lugar certo, entendam isso".
A advogada justificou também que as supostas mensagens, que estão reunidas em um livro, foram obtidas em um "momento de desespero" por pais de vítimas em uma viagem à Minas Gerais, que buscavam "contato com os filhos".
— Podem me criticar, podem falar, mas eu advogo com a minha alma, com o meu coração. E se me pediram para eu trazer isto aqui (o livro), eu respeito toda a associação (de pais de vítimas). Esses pais aqui pediram porque queriam sim, de alguma maneira, ter contato com seus filhos amados que estavam naquela tragédia — finalizou.
A suposta mensagem psicografada, obtida por GZH, diz o seguinte:
"Pai e mãe, estimaria vê-los distantes de quaisquer protestos que não me trarão de volta. Vamos lembrar que os responsáveis também têm famílias e não tiveram qualquer intenção quanto à tragédia acontecida. Pensemos no fato como uma fatalidade e hoje já começamos a entender um pouco em sentido mais profundo, do que nos ocorreu do ponto de vista da lei de causa e efeito. (…) Ao invés de concentrar tanto nosso pensamento procurando por culpados, eu os convido a orarmos juntos por todas as vítimas e seus afetos e enlutados".