Prometendo ser a solução para um dos grandes problemas que a região da Campanha enfrenta há décadas, as obras da barragem da Arvorezinha, em Bagé, ainda não foram reiniciadas. Em março, o governo federal anunciou que o reinício seria em setembro, mas atualmente apenas uma pequena equipe do Exército está na cidade realizando levantamentos sobre a situação da obra.
Durante a visita nesta terça-feira (7) do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, ao terreno da futura barragem, algumas dificuldades foram citadas pelos militares para justificar a demora no reinício das obras.
A primeira delas é o licenciamento ambiental, que ainda carece de detalhes para ser concluído. Outro é a distância de cerca de 700 quilômetros entre o 2º Batalhão Ferroviária, localizado em Lages (SC), até Bagé, o que, segundo os militares, dificulta a logística. O último empecilho é a execução da obra da BR-116, que também conta com o apoio do grupamento.
— Eu me lembro quando era criança e vinha aqui visitar minha vó e essa situação de falta de água em Bagé já ocorria. Esperamos que com essa obra possa se resolver logo — disse Mourão.
O planejamento do Exército é de iniciar as obras nos próximos meses, mas não há uma data definida. Os militares irão executar metade dos trabalhos e repassar o restante para a iniciativa privada. A supervisão em relação à empresa contratada seria de responsabilidade das Forças Armadas. Todas as licitações necessárias para obra já estão em condições previstas para serem lançadas, mas aguardam os outros detalhes para serem realizadas.
— Nossa intenção é fazer um ataque inicial nos próximos meses e dar sequência a essa obra o mais rápido possível. É uma obra complexa e de difícil execução, por isso uma série de detalhes precisam ser resolvidos — afirmou o tenente-coronel Helton Fernandes de Andrade, do 2º Batalhão Ferroviária.
A primeira etapa a ser executada pelo Exército é a construção da ensecadeira e do vertedouro. Já nessa primeira fase, o volume acrescido nas reservas hídricas de Bagé será de mais 7 milhões de metros cúbicos, o que deve garantir a segurança hídrica ao município.
Os recursos para pelo menos 80% da obra estão garantidos. O investimento será de R$ 65,8 milhões. A expectativa é de que, após o início das obras, a nova barragem fique pronta em até 48 meses.
Três presidentes já participaram do projeto. A obra foi iniciada ainda no governo Dilma Rousseff, em 2011, mas foi embargada em 2013. Em 2017, o projeto teve no governo Michel Temer a promessa de que seria retomado. Em 2019, em visita a Bagé, Jair Bolsonaro prometeu que encaminharia a sequência da obra.
Enquanto não é concluída, Bagé tem sido constantemente obrigada a fazer racionamento de água. No ano passado, os moradores chegaram a ficar 15 horas por dia sem abastecimento. Em 2021, novo contingenciamento obrigou as torneiras a ficarem fechadas por 12 horas.