Após mais de 48 horas, foi localizado na tarde desta terça-feira (16) o ultramaratonista Carlos Freitas, 65 anos, no farol de Sarita, na região do Taim, em Rio Grande. Conforme a Defesa Civil, ele foi encontrado com vida por um grupo de motoqueiros.
Bastante debilitado, Freitas foi avistado deitado próximo ao farol enrolado em uma espécie de manta térmica. Ele conseguiu se manter hidratado e possuía alguns alimentos com ele.
— Foi um momento muito emocionante poder resgatar uma vida. A gente avistou ele de longe por conta da roupa fosforescente. Ele estava com a cabeça coberta, mas consciente. Todos os finais de semana andamos pela região. Há dois dias, estavam procurando ele, então nos comovemos também — conta o estudante Bernardo Castro, 17 anos, que estava acompanhado do comerciante Vainer Pinheiro, 31 anos.
Eles estavam ajudando nas buscas quando, por volta das 17h, avistaram o ultramaratonista.
Para a Defesa Civil, o atleta relatou que se perdeu entre o navio Altair e o farol de Sarita e não conseguia mais encontrar o percurso. Durante esses mais de dois dias, ele se alimentou de sementes e consumiu água.
— Ele começou a ter alucinações pelo cansaço e decidiu deitar próximo da floresta de pinus que temos por ali. Ele é muito experiente, conseguiu se manter bem enquanto aguardava o resgate — relatou o coordenador da Defesa Civil de Rio Grande, Rudimar Machado.
Após o resgate, Freitas foi conduzido para uma Unidade Básica de Saúde, onde realiza exames de praxe. A expectativa da Defesa Civil é de que o atleta tenha alta ainda nesta terça-feira.
Para a Defesa Civil, o atleta relatou que se perdeu entre o navio Altair e o Farol do Sarita e não conseguia mais encontrar o percurso. A rota era de 226 quilômetros e tinha saída no Chuí, com linha de chegada no Balneário do Cassino, em Rio Grande. Freitas foi localizado a mais de 80 km do destino final.
Sobre o caso
De acordo com a Defesa Civil, o ultramaratonista veio de São Paulo acompanhado da esposa para participar da competição Extremo Sul Ultramarathon. No sábado (13), ele havia percorrido cerca de 100 quilômetros da prova, quase metade do percurso, quando fez parada em uma base para comer e se hidratar.
Freitas teria embarcado em um veículo da própria organização da prova durante um trecho, o que não é permitido no regulamento da competição, e foi informado de que estava desclassificado. Mesmo assim, o atleta optou por seguir o trajeto em direção à linha de chegada.
No entanto, o ultramaratonista não havia sido mais visto e conseguiu contato com a esposa pela última vez no domingo (14). Desde então, um mutirão era realizado na tentativa de encontrar o atleta. Defesa Civil, Guarda Municipal e de Trânsito, Corpo de Bombeiros, prefeitura e uma equipe de integrantes do Exército Brasileiro ajudaram nas buscas. Um helicóptero da Marinha e cães farejadores também foram usados. Organizadores do evento e jipeiros da região participaram do trabalho.