Em nova investida do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), mais um ônibus fretado pela Buser foi apreendido no final da tarde desta terça-feira (5). A ação ocorreu em um estacionamento perto da estação rodoviária de Porto Alegre. O veículo sairia da Capital às 18h30min, com destino a Caxias do Sul, mas o trajeto foi interrompido.
Após a abordagem, os três passageiros que estavam no coletivo foram encaminhados para a rodoviária. O veículo que faria viagem pela Buser foi guinchado e recolhido a um depósito do Detran.
Outros quatro ônibus a serviço da Buser já tinham sido recolhidos pelo Daer. Mais cedo, a empresa teve de cancelar uma viagem de Porto Alegre para Santa Maria. O deslocamento estava marcado para ocorrer pela manhã desta terça, com saída das proximidades do campus da PUCRS, mas foi suspenso pouco antes.
A empresa não revela o motivo do cancelamento, mas informações extraoficiais dão conta de que não havia veículo disponível para fazer o trajeto. Como a viagem foi suspensa com menos de 48 horas de antecedência, a Buser afirma que garantiu o transporte dos passageiros até o destino final ou fez o reembolso dos valores pagos.
Denominada "maior plataforma de intermediação rodoviária do país", a Buser afirma que não comercializa passagens, mas, sim, administra "grupos de viajantes". Dessa forma, a empresa não possui ônibus, mas contrata transportadoras para operar as viagens que comercializa.
Desde 30 de setembro, a Buser oferece cinco linhas municipais para o Interior: Caxias do Sul, Santa Maria, Pelotas, Rio Grande e Farroupilha. Como promoção para atrair clientes, até 30 de outubro, as viagens dessas cidades para a Capital serão gratuitas.
Os veículos recolhidos nos últimos dias em Caxias do Sul, Porto Alegre, Rio Grande e Santa Maria seguem sob tutela do Estado. Cada um foi multado em R$ 2.115. Nesta terça-feira (5), representantes das transportadoras estiveram na Superintendência de Fretamento e Turismo do Daer. Como pertencem a empresas com cadastro regular no Daer, não há exigência de pagamento das multas para liberação dos ônibus. A reincidência na irregularidade, porém, pode resultar em suspensão da licença de operação por até quatro anos.
— Não temos nenhuma dúvida da ilegalidade da operação, e da legalidade da atuação das nossas equipes — afirma diretor de Transportes Rodoviários do Daer, Lauro Roberto Hagemann.
Segundo Hagemann, as equipes de fiscalização seguem de prontidão na Capital e no Interior, inclusive em contato com as polícias rodoviárias federal e estadual, bem como com a Brigada Militar. A orientação é evitar o deslocamentos dos ônibus, sob a justificativa de que se trata de fretamento irregular.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, a diretora de Relações Governamentais da Buser, Juliana Natrielli, defendeu a legalidade das operações da empresa.
— A Buser é uma plataforma de tecnologia que ajuda grupos de pessoas que querem viajar com empresas que oferecem viagens por fretamento. Não tem nenhuma irregularidade. Nossos parceiros oferecem ônibus registrados na autoridade e cumprem todos os requisitos legais. Acontece que a inovação chega antes da regulação — justifica Juliana.
Em nota oficial emitida na segunda-feira, a Buser classificou a ação do Daer de ilegal e disse que, junto com as parceiras, pretendia recorrer à Justiça para reverter as apreensões.