Os horários da travessia aquaviária entre Rio Grande e São José do Norte, no sul do RS, seguem reduzidos. Na segunda-feira (16), após reunião entre a empresa Transnorte, responsável pela travessia, e representantes dos funcionários, foi realizado o pagamento de 50% dos salários atrasados do mês de julho. Mesmo assim, o serviço ainda não foi normalizado e opera somente de duas em duas horas, das 6h às 22h.
Os trabalhadores reivindicam o pagamento desde a semana passada e chegaram a paralisar a travessia na quinta (13) e na sexta-feira (13). Um acordo foi feito entre as partes, sob mediação do Tribunal Regional do Trabalho, e colocou fim ao impasse com a promessa do pagamento dos salários no início desta semana. Porém, apesar do cumprimento dos 50%, a empresa ainda não garante a quitação dos valores.
Ao longo do primeiro semestre deste ano, cerca de 500 mil pessoas utilizaram o serviço de transporte aquaviário entre os municípios — a única ligação direta, já que não há travessia por ponte. Por dia, a média é de 2,7 mil usuários.
Com as linhas reduzidas, trabalhadores que fazem o percurso diário através da Lagoa dos Patos sofrem com a falta de horários. Relatos e reclamações de embarcações superlotadas circulam nas redes sociais.
— A gente está passando por muito trabalho. Fiquei uma hora e 40 minutos aguardando para conseguir viajar de São José do Norte até Rio Grande. É uma humilhação que a gente tem passado. Aí, a gente tenta pedir carona nos carros que atravessam de balsa, mas com a pandemia as pessoas não querem — relata a enfermeira Maria Regina Malta Perazzo, moradora de São José do Norte e que precisa realizar a travessia diariamente para trabalhar na aplicação de vacinas contra a covid-19 em Rio Grande.
Na noite desta segunda-feira (16), um grupo de pessoas que trabalha em Rio Grande invadiu a lancha que saía da Estação Hidroviária de São José do Norte e só deixou o transporte sair se os levassem junto. A ação resultou em tumulto e vidros de uma das janelas da embarcação quebrados.
Em nota, a Transnorte alega que houve queda de 75% no faturamento desde o começo da pandemia, causando déficit de mais de R$ 1,7 milhão. Antes da pandemia, cerca de 6 mil passageiros utilizavam a travessia pela lancha. Entretanto, com o avanço da covid-19, o número diminuiu em quase 50%. Desde o começo de agosto, a tarifa subiu de R$ 4,50 para R$ 5,50.
Além da redução de linhas, os usuários têm reclamado de superlotação das lanchas em razão da grande demanda de passageiros.
A partir disso, a Capitania dos Portos realizou uma fiscalização na tarde desta segunda-feira em uma das embarcações. No entanto, conforme divulgado pela instituição, a lancha operava com 90% da capacidade permitida (222 passageiros dos 226 possíveis a bordo). Com isso, o serviço foi liberado.