- O desfile de blindados pelas amplas avenidas de Brasília virou notícia internacional e meme nas redes sociais na terça-feira (10). Sobretudo pela fumaceira deixada por muitos carros de combate, motivo de deboche por milhares de internautas - e excetuados, claro, os sempre entusiasmados apoiadores de Jair Bolsonaro, que aplaudem qualquer ato relativo ao presidente.
E por que soltavam fumaça preta esses tanques (apelido dos blindados com armamento pesado e que utilizam lagartas)? Se o leitor pensou em velhice, acertou. Todos os blindados que desfilaram são movidos a óleo diesel e quanto mais antigo o motor, menos ecológico é e mais poluente fica. Mas é preciso ressalvar: a apresentação foi da Marinha, na qual os blindados são de apoio e não peça fundamental. E também havia equipamentos novos, ressalta o engenheiroPaulo Bastos, especialista em Forças Motomecanizadas e editor do site Tecnologia e Defesa. O Exército brasileiro possui veículos bastante modernos e bem menos poluentes - mas que não participaram da parada militar em Brasília.
Aqui, uma análise dos equipamentos que desfilaram e suas características:
CARROS DE COMBATE
Tanque Kürassier - o fumacê no desfile foi produzido, sobretudo, pelo carro de combate SK-105 Kürassier, produzidos pela Áustria nos anos 70 do século XX. É um tanque leve, apesar do armamento poderoso (canhão de 105 mm). É usado em apoio de fogo para a infantaria e para combater outros tanques, após atracar nas praias. Dezessete deles foram comprados pela Marinha brasileira, que os utiliza desde 2001. Os austríacos já não o utilizam há mais de três décadas, mas ainda constituem peça fundamental para ações de apoio aos fuzileiros navais brasileiros, pelo fato de poderem ser transportados em navios.
VEÍCULOS DE TRANSPORTE DE PESSOAL
O desfile contou com três tipos de blindados de transporte de pessoal, que possuem armamento leve (metralhadoras, apenas para defesa) e são usados para locomoção e desembarque dos fuzileiros. A maioria é anfíbio (se movem tanto em terra como na água).
M113 - de fabricação norte-americana, é usado tanto pelo Exército como pela Marinha. Mais de 550 estão a serviço das Forças Armadas Brasileiras, desde os anos 1980. É um veículo sobre lagartas, leve, para transporte de fuzileiros. É bastante versátil, mas vulnerável a minas. É anfíbio. Usa metralhadora como armamento.
AAV-7A1 ou Carro sobre Lagarta Anfíbio (Clanf), na sigla brasileira: fabricado pelos norte-americanos e usado pelos fuzileiros desde a Guerra do Vietnã até o Iraque. Teve 50 unidades vendidas ao Brasil em 2014. Anfíbio, é também conhecido como Antrack. É um blindado pesado, para transporte de tropas. Utiliza metralhadoras pesadas e lançadores de granadas. Até por isso, são os primeiros no desembarque dos fuzileiros.
Mowag Piranha 3 – de fabricação suíça, entrou no mercado há cerca de 50 anos, mas ainda é produzido. Utiliza metralhadora pesada (.50) e lançador de granadas como armamento. Leve, é montado sobre rodas e não sobre lagartas, por isso é menos versátil em terrenos íngremes. É transportável por aviões. Moderno, tem sistema automático de combate a incêndio e explosões internas.
LANÇADORES DE FOGUETE
A Marinha exibiu também lançadores de foguete, as estrelas da base em Formosa (GO), onde acontecerão as manobras militares para as quais Bolsonaro foi convidado:
Astros II - é um sistema de lançadores de foguetes produzido pela empresa brasileira Avibras. O nome é uma sigla derivada da expressão em inglês Artillery SaTuration Rocket System (em português, Sistema de Foguetes de Artilharia para Saturação de Área). Fabricado pelo Brasil desde os anos 1980, foi vendido, sobretudo, para o Iraque e Arábia Saudita. É capaz de lançar munições de diferentes calibres a distâncias entre 9 e 300 km, bastando trocar os casulos de onde se disparam os foguetes. É empregado para abater alvos de grande importância, estratégicos. É usado pela Marinha na defesa do litoral, particularmente em operações contra desembarque anfíbio, e pelo Exército. São pelo menos quatro dezenas de lançadores. É transportado sobre o chassi de um caminhão Mercedes-Benz e possui uma metralhadora pesada para defesa. Pode ser transportado por aviões Hércules ou KC-390, da FAB.
