Detida por policiais militares em Porto Alegre no sábado (10), após tentar chutar motocicleta de participante que integrava a motociata a favor de Jair Bolsonaro, a manifestante Betina de Jesus publicou vídeo em uma rede social, no mesmo dia, no qual reconhece ter se exaltado.
Em vídeo, ela afirma que respondeu às ofensas de manifestante a favor de Bolsonaro:
— A Brigada Militar em momento algum me maltratou, eles fizeram o trabalho deles, eu estava alterada e reagi ao ataque de um motociclista do Bolsonaro, que parou a moto para me dizer desaforo, porque eu estava no meu livre direito de manifestação — afirmou a manifestante.
Betina protestava batendo em uma panela contra os motociclistas na esquina da João Pessoa e da Venâncio Aires, no bairro Cidade Baixa. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) emitiu nota no sábado na qual afirmou que a manifestante foi abordada e solicitada, "por diversas vezes", a se afastar do leito da via para evitar possível acidente.
"Apesar das repetidas tentativas das PMs de afastar a mulher, ela desobedeceu a ordem, desacatou as PMs que a abordaram, tentou chutar um dos motociclistas e manteve as ameaças de agressão, diz a nota.
Como Betina não teria atendido aos pedidos dos policiais para que parasse, conforme relatado no boletim de ocorrência, foi convidada a acompanhá-los até a 2ª Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), localizada no Palácio da Polícia.
Na rede social, a manifestante relatou que havia feito exame de corpo de delito e assinado termo circunstanciado e que já estava em casa.
— Só que não vou deixar de me indignar contra a situação do país. E vou continuar me manifestando. Só vou tentar ter um pouco mais de controle para não ir presa, porque ser presa é perda de tempo — acrescentou.
"Apesar de ser o único incidente registrado, em uma situação específica, onde apontam evidências que justificam o recolhimento da manifestante, ainda assim a BM abrirá procedimento para apuração, em nome da transparência e do rigor com os fatos", afirma ainda a nota da SSP.
Eduardo Leite se pronuncia
O governador Eduardo Leite (PSDB) usou o caso da manifestante para afirmar que votou no presidente Jair Bolsonaro nas últimas eleições e que se arrepende. Enquanto articula para se tornar candidato à Presidência da República pelo PSDB, Leite vem sendo cobrado por ter votado em Bolsonaro em 2018.
“Eu votei em Bolsonaro em (20)18 e admito que errei. A manifestante detida hoje admite que se excedeu. E confio que aqueles que tentaram fazer do ocorrido um fato político também admitirão seu erro. As redes sociais incitam apontar o dedo pros outros. Exerçamos também a autocrítica”, escreveu o governador.
Horas antes, o governador havia se pronunciado sobre o episódio e dito que a Brigada Militar iria abrir procedimento para apurar o ocorrido, assim como "as condições em que se deu o recolhimento de manifestante hoje em Porto Alegre".