O Exército cogita mudar o Arsenal de Guerra do Rio Grande do Sul para Santa Maria, que hoje concentra a maior parte dos quartéis gaúchos. Atualmente essa unidade de manutenção de material bélico fica em General Câmara, cidade encravada às margens do Rio Taquari, fundada por pioneiros casais açorianos que colonizaram o Rio Grande do Sul e que cresceu à sombra do Arsenal de Guerra. Ali se armazena e recupera material bélico desde antes da Segunda Guerra.
Só que General Câmara pode perder essa notoriedade histórica, o que desagrada os 8,5 mil moradores da localidade ribeirinha, situada a 76 quilômetros de Porto Alegre. Inconformado, o prefeito de General Câmara, Helton Barreto (PP), fez uma romaria até Brasília na última quinta-feira (22). Encontrou pessoalmente Jair Bolsonaro e fez gravação em vídeo com o presidente, fazendo ele prometer que a reivindicação para que o Arsenal de Guerra fique no seu município será estudada com carinho.
Bolsonaro prometeu encaminhar o pedido ao ministro da Defesa, general Braga Netto, que ainda não se pronunciou a respeito.
O Arsenal de Guerra faz, sobretudo, recuperação de material bélico (canhões, metralhadoras, fuzis e lança-granadas) e também pontes metálicas para uso de blindados em manobras militares. Não guarda mais explosivos (pelo menos, não oficialmente) e não tem mais a importância que já teve. Até por isso, surgiu a ideia de transferi-lo para Santa Maria, hoje a cidade com o segundo maior contingente militar do país (só perde para o Rio de Janeiro). É a capital bélica e operacional do Exército no Rio Grande do Sul, enquanto Porto Alegre é a sede administrativa do Comando Militar do Sul.
A transferência para Santa Maria é recomendável do ponto de vista estratégico, alegam oficiais contatados por GZH. Conforme uma das hipóteses levantadas pelo Estado-Maior do Exército, o arsenal seria incorporado ao Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar, sediado em Santa Maria.
A outra alternativa, mais remota, é que a unidade militar seja modernizada e permaneça em General Câmara, que vive em torno do arsenal, desde que ele ali foi instalado, em 1935. Além da possível perda do legado histórico, preocupam aos camarenses algumas questões práticas. O que será feito dos 242 imóveis do Exército na cidade? As Forças Armadas também são donas de um ginásio de esportes, um clube e de 74 hectares de terras lá. O patrimônio é composto, na maior parte, de residências de militares, da reserva e da ativa. Vivem em General Câmara 1,3 mil pessoas integrantes do Exército (a maioria, reservistas) e seus familiares.
O Exército não quis se pronunciar sobre a possível destinação do arsenal de General Câmara.
O que faz o Arsenal de Guerra
O Arsenal de Guerra de General Câmara faz manutenção e substitui peças em armas e blindados:
- Manutenção de obuseiros (tipo de canhão) calibre 105 mm 155 mm, do canhão do blindado Cascavel e da metralhadora calibre .50 Browning e fabricação de algumas peças dessas armas.
- Manutenção do Fuzil Automático Leve (FAL/PARAFAL).
- Fabricação das peças da Ponte Bailey, da Ponte M4T6, da Portada Pesada Ribbon, da Portada Leve/Passadeira e de Placas Reforçadoras de Solo (por meio de processo de fundição de liga de alumínio).
- Fundição de liga cobre-zinco (latão);
- Capacidade para manutenção de outros armamentos leves, tais como pistola 9mm ( fabricadas pela IMBEL e pela Taurus/Beretta), fuzil FAP, lança-granadas 37mm e metralhadora 7,62 mm MAG;
- Nacionalização/modernização de material de emprego militar, mediante estudo de viabilidade preliminar.
Fonte: Comando Militar do Sul