Lideres empresariais não gostaram da decisão da prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, de fechar atividades comerciais por cinco dias na tentativa de frear o avanço da pandemia na cidade. Na visão dos empresários, a decisão da prefeitura acaba colocando a responsabilidade no varejo em relação ao aumento de casos no município e não resolve o problema da contaminação e da falta de leitos.
O presidente do Sindicato dos Lojistas de Pelotas (Sindilojas), Renzo Antonioli, entende que as ultimas decisões anunciadas pela prefeita foram tomadas sem ouvir o lado empresarial. O dirigente argumenta que a medida de fechar as atividades comerciais não é a solução, e pode prejudicar o setor do varejo.
— A prefeita não fez a lição de casa e quer jogar para os empresários a solução para a pandemia. Fechar o comércio não irá ampliar os leitos em hospitais e nem diminuir os casos. Fechar o comércio poderá acarretar em mais desemprego e em mais empresas fechadas — afirmou Antonioli.
Segundo o empresário, o Sindilojas propôs um modelo de ampliação no horário do comércio de Pelotas para evitar a concentração de clientes. A medida, segundo Antonioli, foi estudada pela prefeitura, mas não houve prosseguimento no projeto.
— Criamos uma ideia de ampliar o horário do comércio. Pensamos em abrir das 6h até a meia noite. Isso iria diminuir a concentração de clientes e evitar aglomeração. Até hoje a prefeitura não nos deu retorno — reclamou o empresário.
O presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), Sérgio Galbinski, também não gostou do decreto anunciado em Pelotas. Segundo Galbinski, a medida faz com que os empresários percam a vontade de empreender e pode gerar desemprego.
— A cidade teve oito meses para se organizar com verba e leitos. O comércio em bandeira vermelha já está com 50% da capacidade e seguindo protocolos de higiene. O comércio não essencial não pode levar essa carga sozinho — disse Galbinski.
A prefeitura de Pelotas decidiu, nesta semana, fechar as atividades não essenciais na cidade entre as 19h de quinta-feira (10) e as 6h da próxima terça-feira (15). De acordo com a prefeita, o objetivo é diminuir a velocidade do contágio e da ocupação de leitos por coronavírus nas UTIs do município da região sul.
A nova determinação prevê o funcionamento, durante quatro dias, apenas de atividades consideradas essenciais, como comércios com venda exclusiva de alimentos, serviços de saúde, farmácias, forças de segurança, entre outros. Os supermercados fecham no domingo (13). O decreto que vai detalhar as restrições será publicado na quarta (9).