O Instituto-Geral de Perícias (IGP) divulgou no final da noite desta terça-feira (8) que a causa da morte de Jane Beatriz da Silva Nunes — que gerou protestos ao longo do dia em Porto Alegre — foi clínica. De acordo com o órgão, a mulher de 60 anos foi vítima de rompimento espontâneo de um aneurisma cerebral.
Jane (inicialmente identificada pelo nome de casada, Jane Beatriz Machado da Silva, ela voltara a usar o sobrenome de solteira desde que ficou viúva) passou mal enquanto falava com policiais militares que averiguavam denúncia de maus-tratos a menores (não confirmada) na Vila Cruzeiro, onde ela morava. Conforme a Brigada Militar, ela perguntou por uma filha e "logo depois, teve um mal súbito e veio a desfalecer". Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, Jane chegou ao pronto-atendimento em parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Servidora pública, trabalhava na área administrativa da Guarda Municipal e atuava como Promotora Legal Popular (PLP), após participar de capacitação promovida pela Themis, entidade voltada ao enfrentamento da discriminação contra mulheres.
— Era alguém atuante, tanto na área da saúde pública quanto na de direitos humanos — afirma Reginete Bispo, socióloga e integrante do Instituto Akanni, que trabalhou com Jane em projetos na comunidade.
Vereadora eleita e moradora da Cruzeiro, Bruna Rodrigues (PCdoB) conheceu Jane em ações na região e relata que a ativista sempre esteve envolvida em projetos ligados à cidadania. Fabiano Negreiros, também liderança da Cruzeiro, a descreve como "uma militante que ajudava muito sua comunidade".
Protestos entre a tarde e o começo da noite relacionavam a morte a suspeita de violência policial. A perícia, no entanto, afirma não ter identificado no corpo "nenhum sinal de trauma que justificasse o óbito".