SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Policiais militares aparecem agredindo moradores da Vila Clara (zona sul de SP) em vídeos feitos por testemunhas e divulgados em redes sociais. As imagens mostram os PMs sendo violentos em três abordagens a pessoas que estavam nas ruas do bairro durante protesto contra a morte do adolescente Guilherme Silva Guedes, 15 anos, encontrado sem vida após ser levado por dois homens.
Este é o terceiro caso de violência envolvendo policiais militares desde o fim de semana, quando 14 foram afastados suspeitos de agressões durante abordagens.
Um dos registros mostra um jovem, com o celular na mão direita encostado em um carro. Três policiais da Rocam (Ronda com Motocicletas) se aproximam. Um dos PMs desembarca e, aparentemente sem motivo, dá um soco no rosto do jovem. Em seguida, ele tem o pescoço pressionado pelo policial e cai no chão.
Em outro vídeo, um homem parado em frente a um portão, com as mãos na cabeça e as pernas abertas (posição comum durante as abordagens policiais), é agredido com um chute por um PM da Rocam -que em seguida dá sinal para que o homem saia do local.
No terceiro registro, um PM agride um rapaz, dando-lhe um soco no rosto. Em seguida, o homem agredido revida e também acerta um soco no policial que teria iniciado a violência. O homem é cercado por três PMs e recebe golpes de cassetete.
O protesto na Vila Clara resultou em ao menos sete ônibus queimados, três depredados e um adolescente apreendido, segundo a polícia. Os bombeiros foram à região para conter as chamas. Ninguém se feriu.
A ocorrência dos ônibus incendiados é investigado pelo 26º DP (Sacomã). Até a publicação desta reportagem, nenhum suspeitos pelos atos de vandalismo havia sido identificado.
DESAPARECIMENTO DE JOVEM
Em depoimento à polícia, a mãe de Guilherme Silva Guedes afirmou que ele foi raptado por dois suspeitos em um Volkswagen Fox na rua Álvares Fagundes, quando o adolescente tentava fugir dos criminosos.
Antes disso, Guedes foi abordado pela dupla, armada, quando estava sentado em frente a casa da avó, na rua Rolando Curti, de acordo com imagens captadas por um morador da região.
A Polícia Civil investiga se os dois suspeitos são policiais militares, pois no local da abordagem foi encontrada uma tarjeta, semelhante à usada por PMs, com a inscrição "SD PM Paulo." A motivação para a abordagem ao jovem também é apurada.
Após o desaparecimento, o corpo de Guedes foi localizado e reconhecido por parentes, na tarde desta segunda-feira (15), no IML (Instituto Médico Legal) da zona sul da capital. A causa da morte dele não foi informada até a publicação desta reportagem.
OUTRO LADO
A Polícia Militar afirmou já ter instaurado um Inquérito Policial Militar para identificar os policiais que aparecem nos vídeos feitos com celular, além de outros envolvidos nas agressões contra os participantes do protesto. Serão adotadas "medidas cabíveis em relação às respectivas condutas", diz a nota.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirmou que o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) investiga a morte do adolescente. A Corregedoria da PM também acompanha o caso.
A origem da tarjeta encontrada no local em que Guedes foi abordado também é investigada. Nenhum policial responsável pela identificação havia sido identificado até a publicação desta reportagem.