Um vídeo mostrando o desmonte de um hospital de campanha em Canoas, na Região Metropolitana, viralizou nas redes sociais nos últimos dias. Nas imagens, um homem questiona o “desperdício de dinheiro” com a estrutura removida ao lado do Hospital Nossa Senhora das Graças, que não teria atendido “um único paciente da covid-19". A prefeitura confirma o fechamento, mas ressalta que isso só ocorreu porque o município está inaugurando 200 novos leitos permanentes no Hospital Universitário.
— Fizemos a reforma de dois andares do hospital, que estavam fechados desde 2015, e com isso estamos transferindo os leitos provisórios do Nossa Senhora das Graças. Passaremos a ter leitos definitivos, economizaremos com o aluguel das estruturas e vamos dar melhores condições para internação dos pacientes – justifica Luiz Carlos Busato, prefeito de Canoas.
O hospital de campanha filmado é um dos quatro que foram montados no município desde o início da pandemia. Busato argumenta que, em março, a perspectiva do Ministério da Saúde era de que o pico de contágio ocorresse entre abril e maio, o que acabou não se confirmando. Por isso, a unidade com 22 leitos provisórios ao lado do Nossa Senhora das Graças não chegou a ser utilizada. Com o término da reforma no Hospital Universitário, segundo o prefeito, a opção foi por transferir os atendimentos.
Ainda assim, dois hospitais de campanha, próximos à UPA Rio Branco e à UPA Boqueirão, seguem funcionando. Conforme Busato, essas estruturas já realizaram mais de 5,4 mil atendimentos e fizeram 278 internações nos últimos 60 dias. Um outro hospital de campanha montado ao lado do Hospital Universitário teve apenas a recepção removida, já que a estrutura era alugada. No entanto, a oferta de leitos continua existindo.
Revisão de contratos
Em maio, a prefeitura de Canoas anunciou revisão no contrato de R$ 3,5 milhões com a empresa responsável pela montagem dos hospitais de campanha no município, após reportagem de GaúchaZH revelar a existência de possível sobrepreço de R$ 514,1 mil na contratação de técnicos de manutenção e no aluguel de aparelhos de ar-condicionado.
O Ministério Público (MP) e o Ministério Público de Contas (MPC) abriram expedientes de investigação na ocasião, enquanto o Tribunal de Contas do Estado (TCE) encaminhou oficio à gestão municipal, alertando sobre indícios de irregularidades e a necessidade de correção de valores.