SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Esta quinta-feira (30) foi um dia especial para Fernando Alves da Silva, 35. Foi quando ele, finalmente, pôde conhecer seu filho Murilo, nascido no dia 15 de abril, e levá-lo para casa.
O parto do pequeno precisou ser antecipado, pois sua mãe, com 35 semanas de gestação, foi infectada com o novo coronavírus e, em poucas horas, teve o quadro agravado. Ela foi intubada e estava com pressão alta e, por isso, o nascimento de seu filho ocorreu às pressas.
Renata Fernandes Izolli, 39, ficou 12 dias em coma e acordou nesta segunda-feira (20). Agora, ela está internada na enfermaria do Hospital do Servidor Público Estadual, em São Paulo, e não corre mais perigo de vida. Ela ainda não conheceu o filho e seu marido acredita que ela deva receber alta na semana que vem.
A família suspeita que Izolli tenha sido infectada no hospital em que trabalha como recepcionista. Seu marido, porém, pediu que o nome do local não fosse revelado.
"Ela não tinha contato com pacientes com coronavírus, mas achamos que tenha se infectado por meio de algum dos funcionários", disse Alves da Silva.
"Ela está consciente e agora podemos nos falar por vídeo para eu mostrar o Murilo para ela, mas acho que ainda não tem noção do tempo que ficou em coma", diz Alves da Silva. "Ela ainda está com a pressão alta porque quer vir embora logo para conhecer o bebê e acho que, por isso, que não estão contando tudo para ela."
Apesar de ter tido teste negativo para o coronavírus, Fernando ficou 14 dias de quarentena para poder conhecer seu filho, que também não foi diagnosticado com o novo coronavírus. O contato entre eles, até então, tinha sido apenas via vídeos e fotos encaminhadas pelos médicos.
Durante esse período, ele dividia seus dias entre dois boletins médicos: na parte da manhã sobre o estado de saúde de Murilo, e à tarde sobre sua mulher.
O encontro entre pai e filho foi emocionante e o pai afirma ter chorado muito. Na saída da UTI, eles foram aplaudidos no corredor pela equipe médica.
Com o filho no colo, ele diz que seu dia só não está melhor porque ainda não trouxe a mãe dele para casa. Agora, os dois estão na casa de sua irmã, que deve ajudá-lo a cuidar do neném.
Após o primeiro dia junto com o filho, Alves da Silva diz que o pequeno Murilo é "muito bonzinho". "Dormiu a tarde toda. Acho que vai começar a chorar agora porque tá se espremendo na cama, ainda não tinha ouvido", diz ele.
No final da entrevista, concedida por telefone à reportagem, um barulho interrompe a chamada. Fernando ouve o choro do filho pela primeira vez.