RIO DE JANEIRO, R(FOLHAPRESS) - Desde o início de janeiro, moradores do Rio de Janeiro têm relatado que a água distribuída pela Cedae (Companhia de Águas e Esgotos do Estado) tem saído turva das torneiras e filtros, com cheiro e gosto de terra.
A causa é uma substância orgânica chamada geosmina, produzida quando há muita alga e bactéria na água, que até agora não deu indícios concretos de malefícios à saúde.
Na segunda (3), a Cedae, estatal responsável pelo tratamento e distribuição na região metropolitana, identificou um grande volume de detergentes na água captada pela sua principal estação, a Guandu, e decidiu fechar as comportas, paralisando a operação por 15 horas.
A medida causou o desabastecimento de vários pontos e levou a Prefeitura do Rio (e a de Nova Iguaçu) a adiar em um dia o início do ano letivo na rede municipal, porque "muitas" das mais de 1.500 escolas estão sem água. Os alunos, que voltariam a estudar nesta quarta-feira (5), voltarão na quinta (6).
O problema também fez com que a agência que regula o saneamento no estado (Agenersa) definisse prioridades no abastecimento: primeiro devem ser atendidas unidades de saúde e assistência a idosos, escolas, creches, presídios e "demais áreas sensíveis".
Veja abaixo os principais momentos da crise de abastecimento no Rio de Janeiro e entenda os problemas relacionados.
- Primeiras reclamações
Dias após o Revéillon, moradores começam a relatar que a água das suas casas está com gosto, cheiro de terra e/ou barrenta, principalmente nas zonas norte e oeste do Rio
- Cedae fala
Em 7 de janeiro, estatal divulga nota dizendo que alterações foram causadas pela geosmina, substância orgânica produzida quando há muita alga e bactéria na água, e que ela não faz mal à saúde
- Carvão ativado
Dois dias depois, companhia anuncia a compra de um equipamento que usa carvão ativado para reter a geosmina logo no início do tratamento, utilizado também por estados como SP e RS
- Corrida por água mineral
Crise se espalha para toda a cidade e compra de água mineral aumenta nos supermercados; até hoje consumidores encontram prateleiras vazias em alguns pontos de venda
- Cedae pede desculpas
Cerca de 10 dias após a crise, em 15 de janeiro, presidente da Cedae vai a público pela primeira vez, se desculpa e afirma que situação será normalizada em breve
- Especialistas questionam
No mesmo dia, UFRJ divulga nota técnica dizendo haver uma ameaça real à segurança hídrica da região metropolitana e criticando falta de transparência da Cedae
- Impacto na conta
Após questionamentos da Defensoria Pública, órgãos se reúnem para discutir compensação na conta de água pelos transtornos aos consumidores; acordo ainda será redigido
- Nova crise
Um mês após o início da crise, na segunda (3), Cedae afirma que identificou detergente na água captada pela estação Guandu e fecha as comportas por 15 horas
- Escolas adiam aulas
Prefeitura do Rio adia aulas por causa do desabastecimento em "muitas" das 1.500 escolas da rede municipal; ao invés de voltar nesta quarta (5), alunos voltarão na quinta (6)
O QUE FAZER SE A ÁGUA ESTÁ ESTRANHA?
Recomendações do Instituto de Microbiologia da UFRJ
- Água transparente e com leve cheiro de terra: utilizar normalmente
- Transparente e com forte odor de terra: utilizar água mineral (para beber, limpar utensílios ou tomar banho)
- Qualquer turbidez: utilizar água mineral
- Coloração alterada: utilizar água mineral e limpar reservatório
- Cheiro atípico (enxofre, produtos químicos etc.): utilizar água mineral e limpar reservatório
- Cheiro de cloro: utilizar normalmente
- Em todos os casos: trocar filtros e, se possível, limpar os reservatórios assim que a água voltar ao normal