Reportagens publicadas em 1979 podem decifrar a misteriosa tubulação subterrânea encontrada na semana passada em Ibirubá, no noroeste do Estado, durante escavação à procura de supostos túneis nazistas. De acordo com a publicação, a prefeitura teria instalado na época pelo menos 3.619 tubos de concreto, cada um com um metro de comprimento, nas principais ruas e no interior do município.
A história remete a uma lenda urbana que há décadas intriga a população de Ibirubá. Conforme relatos dos moradores mais antigos, a cidade esconderia em seu subsolo uma rede de túneis usada como abrigo e rota de fuga para militares nazistas após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Para tentar decifrar a verdade, equipes da Secretaria de Obras e do Corpo de Bombeiros abriram na terça-feira passada (1º) um buraco na Rua Flores da Cunha, em local onde exames geológicos apontaram a existência de anomalias subterrâneas.
A dois metros da superfície, foi encontrada uma tubulação de concreto com um metro de altura, supostamente desativada. Havia apenas uma ligação de esgoto residencial desembocando na rede, provavelmente clandestina.
O caso vem sendo acompanhado por GaúchaZH e foi exibido em reportagem do Fantástico, da Rede Globo, no domingo (6). Na cidade, o repórter Álvaro Pereira Júnior encontrou os recortes de jornal com aquela que pode ser a verdadeira explicação para a tubulação subterrânea.
De acordo com as matérias publicadas no jornal O Alto Jacuí em 1979, Ibirubá bateu recorde na instalação de tubos em março daquele ano. A rede alcançou 3,6 quilômetros de extensão, dividida entre a zona urbana e rural, debaixo de pontilhões. A reportagem, publicada em 9 de março de 1979, informa ainda a localização exata de cada tubo.
Pelo menos quatro teriam sido instalados na Rua Getulio Vargas, via ao lado da Rua Flores da Cunha, onde houve a escavação na semana passada. Ao percorrer parte da tubulação, na última terça-feira, o bombeiro Bruno Santarém encontrou uma rede em formato de L e chegou a andar por cerca de quatro metros sob a rua Getúlio Vargas.
Na ocasião, o prefeito Abel Grave disse que não havia registros de qualquer tubulação na região e que a cidade não mantinha rede de tratamento de esgoto, sendo os dejetos recolhidos por meio de fossa sanitária ou sumidouro. Após a descoberta da reportagem d'O Alto Jacuí, a prefeitura diz agora que há registros de tubos subterrâneos, porém somente nas ruas Getúlio Vargas, General Osório e Sete de Setembro.
Outra reportagem, publicada em 30 de março de 1979 pelo mesmo jornal, relata a compra, pela prefeitura, de uma fábrica de tubos de concreto. "Dado o grande número de obras de canalizações na cidade e interior, construção de pontilhões e bueiros, (...) o Executivo, depois de acurados estudos, solicitou à Câmara Municipal e obteve aprovação para a compra de maquinário", informa o texto.
A prefeitura agora estuda preços para contratar geólogos e analisar outros locais para futuras escavações. A ideia é usar uma sonda com câmera ou até mesmo um veículo não tripulado que possa percorrer as tubulações já descobertas e averiguar sua real extensão.