A instabilidade que atinge o centro do Estado desde o começo da semana já deixa moradores fora de casa, obstrui rodovias e causa quedas de energia elétrica. Na região de cobertura da RGE, são cerca de 60 mil clientes sem luz nesta quarta-feira (30) — número que chegou, ainda na terça, a 109 mil.
Santa Maria já registra mais de 30 casas destelhadas por conta da chuva. Com isso, são 126 moradores afetados. Além disso, a Unidade de Saúde Joy Betts, no bairro Perpétuo Socorro, também ficou destelhada. Conforme a prefeitura, os atendimentos foram suspensos, e as consultas que estavam marcadas serão reagendadas.
Conforme o Coordenador da Defesa Civil de Santa Maria, Adão Lemos, equipes monitoram os problemas que afetam o município, e inclusive já fizeram vistorias na barragem que abastece a cidade.
— Nós estivemos no começo da manhã na Barragem do DNOS, e vamos novamente para lá com os bombeiros e equipes da Corsan. Os moradores da região estão preocupados com o volume de chuvas, mas a gente reforça que não há risco de rompimento.
Desde o começo da manhã, foram 55 mm de chuva na cidade. O acumulado do mês chega a 356 mm, sendo que o previsto eram 150 mm.
Nas rodovias, árvores caídas causaram bloqueios ao longo da manhã. A BR-158, principal acesso do centro do Estado à região norte e noroeste, duas árvores caíram no trecho entre Santa Maria e Itaara. Foram duas horas até a desobstrução da via. O congestionamento chegou a cerca de quatro quilômetros. Na Estrada do Perau – outro acesso entre Santa Maria e Itaara – também teve queda de árvore. O mesmo aconteceu na RS-287, a Faixa Nova de Camobi. Nos dois locais, a restrição do tráfego foi parcial.
São Gabriel deve ter situação de emergência
Em São Gabriel, o acumulado de chuva desde a madrugada de domingo (27) até agora, conforme a prefeitura, já ultrapassa os 170 milímetros. Até o momento, 30 casas foram destelhamentos – 20 ainda no domingo e 10 entre a madrugada e a manhã desta quarta-feira (30). Conforme o prefeito Rossano Dotto Gonçalves, no momento, não há famílias fora de casa, mas o risco não é descartado, visto que o nível do Rio Vacacaí está quatro metros acima do normal:
— Temos alguns problemas pontuais de sangas que transbordaram e inundaram pátios. O que nos preocupa é o nível do Rio Vacacaí que já está quatro metros acima do normal e com a intensidade de chuva que está por vir amanhã (quinta-feira) e nos próximos dias, com certeza, teremos uma outra enchente nos níveis do que tivemos em janeiro deste ano com muitas famílias desalojadas.
O prefeito acrescenta que, ainda na tarde desta quarta-feira (30), decretará situação de emergência no município. A Defesa Civil pede atenção redobrada aos moradores de localidades próximas de córregos devido a possibilidade de alagamentos ocasionados com obstrução de objetos que diminuem a vazão das sangas.
Em Cachoeira do Sul, moradores estão fora de casa
A chuva ainda não parou em Cachoeira do Sul, e a Defesa Civil segue em atendimento às famílias mais atingidas. Na cidade, a preocupação é com o nível do Rio Jacuí, que está em 19 metros e 60 centímetros, com cerca de um metro e meio acima do normal. Para chegar nas casas, o nível do rio tem que passar dos 22 metros. A equipe monitora os riscos.
Mesmo que o rio não tenha chegado às residências, já tem gente na cidade fora de casa. O motivo são os destelhamentos. Seis casas estão totalmente sem telhado, duas parcialmente destruídas e, ao todo, são mais de 50 ocorrências no município.
Conforme o coordenador da Defesa Civil, Edson das Neves Júnior, a orientação é os moradores não subam nas casas enquanto há umidade, pois há risco de queda. As lonas doadas devem ser usadas apenas para cobrir móveis.