No meio da manhã desta quarta-feira (16), dois dos cinco cães farejadores que estão sendo usados no resgate se mobilizaram com latidos para um espaço específico entre o concreto dos escombros do prédio que desabou na terça-feira no bairro Dionisio Torres, região nobre de Fortaleza.
O local passou a ser um dos cinco identificados pelos cães como possível ponto de presença de vítimas e, por volta do meio-dia, isso foi confirmado com a retirada do corpo de uma mulher — identificada depois por meio de exame de arcada dentária como Izaura Marques Menezes, 81 anos.
O uso de cães em resgates de pessoas soterradas é fundamental e dois dos cães que estão trabalhando nos escombros do Edifício Andrea estiveram em Brumadinho, Minas Gerais, ajudando na localização de corpos após o rompimento da barragem da Vale — uma tragédia que deixou 249 pessoas mortas, além de desaparecidos.
A labradora Anny, dois anos, e o pastor belga Unno, sete anos, foram os últimos cães que estiveram em Brumadinho participando das buscas — mais de 60 se revezaram desde janeiro. Anny e Uno voltaram ao Ceará em setembro, depois de duas semanas em Minas Gerais.
O revezamento dos cães é necessário para evitar contaminação, algo que no caso de Brumadinho, devido aos rejeitos de minério, fazia com que o tempo em que cada animal poderia trabalhar no local se limitasse a duas ou três semanas. No caso do Edifício Andrea, como os escombros são majoritariamente concreto, é possível que os cães trabalhem por mais tempo se necessário, segundo o Corpo de Bombeiros.
— Estamos usando os cães e drones, que identificam calor humano e acharam esses cinco pontos que estamos trabalhando. Temos os cachorros que atuaram em Brumadinho, a presença deles é fundamental para trabalhar em situação como a daqui em que cada fresta é importante para que nossos homens possam saber onde entrar — disse Luis Eduardo Holanda, coronel do Corpo de Bombeiros do Ceará que comanda a operação de resgate em Fortaleza.
Os cães atuam em turnos. Quando pontos de possíveis corpos são identificados pelos latidos dos cães, eles descansam para que os socorristas atuem no local na tentativa do resgate.
A diferença entre o trabalho do prédio que desabou e a lama de Brumadinho, segundo os bombeiros, é que por lá os cães precisavam trabalhar em um terreno muito maior e que, com o tempo, ficava mais difícil identificar os cheiros. O rompimento da barragem ocorreu em 25 de janeiro e os cães do Ceará, por exemplo, foram em setembro para ajudar no resgate, nove meses depois.
Os animais ficarão trabalhando nos escombros do Edifício Andrea até o fim das buscas — a previsão do Corpo de Bombeiros é de que elas possam durar mais três ou quatro dias. Cinco pessoas ainda estão desaparecidas — cinco mortes foram confirmadas e sete pessoas foram resgatadas com vida, todas no primeiro dia.