Sem presidente titular desde abril, a Fundação de Proteção Especial (FPE) será comandada interinamente pelo secretário estadual de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Catarina Paladini. A informação foi dada por ele ao programa Gaúcha+, na tarde desta segunda-feira (20), na mesma data em que a promotora da Infância e da Juventude de Porto Alegre, Cinara Vianna Braga, denunciou as condições precárias dos abrigos que acolhem crianças em situação de vulnerabilidade social.
Segundo ela, há falta de cuidados e higiene nos abrigos que acolhem crianças retiradas de suas famílias por motivos de abandono ou situações de violência. Além disso, não há transporte para as crianças irem à escola e nem para atendimentos de saúde.
O secretário afirma que pretende resolver os problemas relatados pela promotora em até 60 dias. Catarina afirma que a empresa que presta serviços na área da saúde nos abrigos foi notificada e que deve reunir informações sobre as faltas de transporte escolar e médicos para depois decidir que medida vai adotar.
— Estarei nos próximos dias deliberando junto à fundação, fazendo reunião com os diretores e coordenadores dos núcleos. Não há justificativa para a precarização, a fundação faz um grande trabalho, temos várias ações que são muito importantes e muito bonitas que colaboram com a emancipação de meninos e meninas. A gente quer, em um curto espaço de tempo, ajustar, devolver a normalidade. É algo que não acontece nas outras fundações que estão sob a nossa tutela — explicou Catarina Paladini.
Presidente da fundação até abril deste ano, José Luís Barbosa realizou sua "autoexoneração" em abril, dois meses depois de ter tido a última conversa com o secretário de Justiça e ter sido avisado que seria substituído. O comunicado também foi enviado a pessoas que ocupam cargos em comissão na fundação. Angustiado, procurou recolocação e hoje é diretor da Granpal, consórcio dos municípios da Região Metropolitana, deixando vaga sua cadeira de presidente da fundação.
— Desde fevereiro o secretário não falava comigo. Foi uma gestão pouco atenciosa com a fundação — afirma Barbosa, que é filiado ao PSB.
Para ele, a precariedade dos serviços prestados está relacionada à falta de comando da entidade, que ficou por um mês sob a responsabilidade interina de uma servidora do quadro. Conforme a sua avaliação, o governo de Eduardo Leite está demorando para nomear seu sucessor porque os partidos interessados em ocupar a vaga não têm pessoas qualificadas para indicar.