Uma operação na manhã desta sexta-feira (15) prendeu oito funcionários da Vale nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. A ação foi deflagrada pelo Ministério Público mineiro, com apoio das polícias Civil e Militar, e ocorre para apurar a responsabilidade pelo rompimento da barragem em Brumadinho, no último dia 25, que deixou ao menos 166 pessoas mortas.
Foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão, além dos oito mandados de prisão temporária. Os investigados presos possuem cargos de gerência e de equipes técnicas na Vale.
São eles Joaquim Pedro de Toledo, Renzo Albieri Guimarães Carvalho, Cristina Heloíza da Silva Malheiros, Artur Bastos Ribeiro, Alexandre de Paula Campanha, Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo, Hélio Márcio Lopes da Cerqueira e Felipe Figueiredo Rocha.
Alexandre de Paula Campanha foi citado no depoimento do engenheiro da Tüv Süd Makoto Namba à Polícia Federal. A empresa foi a responsável pelos relatórios que atestaram a estabilidade da barragem.
Segundo Namba, Campanha teria interpelado o engenheiro, questionando-o: "A Tüv Süd vai assinar ou não a declaração de estabilidade?"
De acordo o relatório da PF sobre o depoimento, Namba declarou ter sentido que a frase foi "uma maneira de pressionar o declarante e a Tüv Süd a assinar a declaração de condição de estabilidade sob o risco de perderem o contrato."
Já Helio Márcio Lopes de Cerqueira, também detido, é engenheiro geotécnico. Um dia antes do rompimento da barragem, ele havia alertado uma empresa de tecnologia contratada pela Vale de que as leituras de piezômetros estavam com falhas e que isso poderia acarretar em multas da Agência Nacional de Mineração. As prisões são temporárias, com prazo de até 30 dias.
Segundo a Promotoria mineira, os detidos são investigados para determinar a autoria ou participação em "centenas de crimes" de homicídio qualificado, considerado hediondo. Os oito funcionários da Vale serão ouvidos pelo Ministério Público Estadual, em Belo Horizonte. Também são apurados crimes ambientais e de falsidade ideológica.
Além deles, quatro funcionários da Tüv Süd foram alvo de busca e apreensão em São Paulo e Belo Horizonte. Também foi feita busca e apreensão de documentos e provas na sede da Vale, no Rio. O material será analisado pelo Ministério Público de Minas Gerais.
Em nota, a Vale informou que continua colaborando com as autoridades responsáveis pelas investigações. "A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas", diz a empresa.