A falta de fiscalização por pardais e lombadas eletrônicas nas rodovias federais do Rio Grande do Sul preocupa especialistas em trânsito. Segundo eles, a situação tende a aumentar os riscos aos motoristas, justamente no período de veraneio, marcado pela ida de gaúchos ao Litoral.
Conforme apurou o colunista Jocimar Farina, de GaúchaZH, tanto lombadas eletrônicas quanto pardais não estão registrando infrações desde o último dia 14 no Estado. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) confirmou que, neste momento, não há controladores de velocidade em funcionamento nas rodovias federais gaúchas. Com o fim do contrato anterior, novos equipamentos estão sendo instalados desde outubro do ano passado.
Sociólogo e consultor em segurança no trânsito, Eduardo Biavati classifica a falta de fiscalização eletrônica como "grave":
— Esta é uma situação que se repete em vários Estados, não só no Rio Grande do Sul. É inexplicável. O Dnit tem conhecimento das datas de vencimento dos contratos. Sem equipamentos eletrônicos, não há como controlar totalmente os motoristas nas estradas. Em parte, mortes em acidentes de trânsito estão relacionadas a excesso de velocidade.
Doutor em Transportes, o engenheiro civil João Fortini Albano afirma que a fiscalização eletrônica é "uma das maiores ferramentas" para "coibir" infrações nas rodovias. Por isso, considera que a situação nas estradas federais "vai contra a segurança no trânsito e estimula velocidade maior e ultrapassagens indevidas".
— Quando os motoristas sabem que os equipamentos estão funcionando, sentem-se mais inibidos. Sem esses dispositivos, ficam mais soltos — aponta.
Para Albano, o uso de radares móveis pode "minimizar" a falta de lombadas e pardais em operação no Rio Grande do Sul. Neste momento, infrações cometidas nos trechos de responsabilidade do Dnit no Estado só recebem fiscalização feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), com seus equipamentos de controle.
— Radares móveis não resolvem o problema. São complementares a controladores fixos — pondera Biavati.
De acordo com a PRF, é difícil mensurar o quanto o não funcionamento dos equipamentos impacta no comportamento dos motoristas. Segundo a corporação, não há estudos que avaliem a situação. Contudo, a PRF ressalta que segue com equipes em rodovias, para fiscalização com equipamentos móveis.
— As equipes são empregadas buscando coibir condutas associadas a acidentes, como beber e dirigir e alta velocidade — afirma Cássio Garcez, do setor de Comunicação Social da PRF.
A corporação aponta que, mesmo com os radares e lombadas eletrônicas desativados, motoristas devem manter atenção. Em locais considerados críticos, ou seja, com alta taxa de acidentes ou onde há passagem de pedestres, a PRF costuma intensificar as rondas, principalmente em períodos de trânsito intenso, como finais de semana e feriadões.
— Trabalhamos permanentemente com radares eletrônicos. Mas, em datas assim (como feriados), é feita uma programação específica, com aumento do efetivo, pois há fluxo de veículos acima da média — diz Garcez.
Em nota, o Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) relatou que o "excesso de velocidade é um dos maiores fatores que potencializam o risco dos acidentes e também os danos por eles causados, especialmente nas rodovias".
"O Detran-RS entende que a escolha em não exceder os limites de velocidade, pelo motorista, precisa se dar em razão disso, e não porque existe (ou não) pardal ou lombada eletrônica operante na via", completa o texto.