Diante da tragédia que matou 84 pessoas em Minas Gerais, após o rompimento de barragem ocorrido na última sexta-feira (25), o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, informou nesta terça-feira (29) que a empresa vai paralisar as operações e descomissionar (desativar progressivamente) todas as barragens iguais às de Brumadinho e de Mariana, em Minas Gerais:
— A Vale, espontaneamente, tomou a decisão de paralisar todas essas operações e imediatamente se lançar no processo de descomissionamento das mesmas. Para tanto, os processos já estão prontos e serão enviados para licenciamento do órgão ambiental nos próximos 45 dias. Após a concessão das licenças ambientais, nós iniciaremos imediatamente esse descomissionamento.
Schvartsman afirmou que descomissionar significa preparar a barragem para que ela seja integrada à natureza.
— A decisão da companhia é de que não podemos mais conviver com esse tipo de barragem. Tomamos com a decisão de acabar com todas as barragens a montante — disse o executivo em Brasília.
Com a medida, 5 mil funcionários — próprios e terceirizados que trabalhavam nessas barragens que serão descontinuadas — serão absorvidos pela Vale, informou o presidente:
— O próprio turnover (processo de rotatividade), natural das nossas operações, permitirá a absorção desses 5 mil sem que a gente precise promover nenhuma mudança.
O presidente da Vale disse que a paralisação das atividades nessas barragens terá impacto na produção da empresa, quando efetivada. Schvartsman afirmou que a Vale deixará de produzir 40 milhões de toneladas de minério de ferro por ano e de 11 milhões de toneladas de pelotas:
— É um plano definitivo, um plano drástico, para não deixar dúvida de que todo o sistema da Vale está seguro.
Schvartsman disse que a empresa possui laudos de auditorias que atestam que todas as estruturas da Vale estão em perfeita estabilidade, mas que empresa decidiu agir mesmo com essas comprovações.
— Esse plano foi apresentado hoje para conhecimento dos ministros de Minas e Energia e de Meio Ambiente. Assim como foi apresentado, na data de ontem, ao governador Zema, porque todas essas operações que serão objeto da descontinuidade são no Estado de Minas Gerais.
O presidente disse que empresas de engenharia contratadas pela Vale serão as responsáveis pelos serviços de descomissionamento. A Vale deve gastar cerca de R$ 5 bilhões nessa ação.