O quarto dia de buscas por vítimas da tragédia de Brumadinho (MG) começou com força total nesta segunda-feira (28). Enquanto 136 especialistas em catástrofes recém-chegados de Israel fazem as primeiras inspeções para traçar a estratégia de trabalho, 16 helicópteros cortam o céu do município de 39,5 mil habitantes e despejam bombeiros sobre a lama.
A equipe de GaúchaZH acompanhou um desses grupos, formados por dez socorristas. Vestidos com roupas especiais e capacetes, eles chegaram à região do Parque das Cachoeiras, uma das mais atingidas pelo rompimento das barragens na Mina Córrego do Feijão, em uma aeronave da Marinha. O veículo desceu em uma área de plantações junto ao mar de lama.
De longe, o trabalho era acompanhado por moradores aflitos. Um deles caminhou até o grupo.
— Tinham muitas casas aqui? — perguntou um bombeiro.
— Sim, ali e ali e lá — apontou o homem.
Os socorristas seguiram para a direção indicada, com maiores chances de haver vítimas.
Na sequência, o grupo seguiu caminhando pela margem do rio de barro (seco nas beiradas, mas móvel no meio) por cerca de 300 metros, cruzando cercas de arame farpado e desviando de entulhos. Com a ajuda de paus, a equipe finalmente avançou sobre o lodo.
— Deus nos ajude — disse um deles.
— E vocês fiquem com ele. Bom trabalho — complementou, dirigindo-se à reportagem.
O fotógrafo de GauchaZH pisou na lama e afundou até o joelho. Teve de usar as mãos para conseguir puxar a bota para fora. Parou ali, pelos riscos envolvidos.
Os socorristas foram mais longe, sempre perfurando o solo com os cajados em busca de corpos e de alguma segurança.